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2014-12-02


Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem


Ana Lúcia Vasconcelos


Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem

 

 

 

Sétimo Capitulo



E ao longo de dois mil anos, os diferentes povos deste planeta dedicaram à Maria Santíssima os mais diversos cultos, as mais diferentes devoções, a maior parte delas inspiradas por Ela mesma, nas diferentes aparições, ou por Jesus também em revelações a santos. Mas entre todos, há um que é chamado mesmo de Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, ou Preparação do Reino de Jesus Cristo, escrito por São Luis Maria Grignion de Montfort, que é considerado “uma joia”, recomendado por muitos Papas. Leão XIII morreu invocando São Luis Maria, que ele mesmo colocara no número dos bem aventurados e renovando a Consagração à Santíssima Virgem como o Santo ensina. São Pio X santificou-se com esta devoção e, inspirado nele, escreveu a Encíclica Ad Diem Illum. Bento XV escreveu que este opúsculo é “um livro da máxima importância e cheio da mais doce unção”.

 Pio XI referindo-se a esta devoção confessou: “Pratico-a desde a minha juventude”; Pio XII canonizou São Luis Maria e tinha na sua capela particular uma grande relíquia dele à qual tinha devoção. No Manual da Legião de Maria pode-se ler que nenhum santo desempenhou papel mais importante do que São Luis Maria de Montfort no progresso deste Movimento. “O Manual está cheio do seu espírito, as orações são ecos de suas palavras”, anota dom Lelis Lara, bispo de Itabira/ Cel. Fabriciano. E mais, o Papa João Paulo II disse sobre o livro: “É um daqueles livros que não basta ler. A leitura deste livro foi uma volta decisiva em minha vida. A devoção à Maria que tomou assim uma forma determinada continuou viva em mim. Ela tornou-se uma parte integrante da minha vida interior e do meu conhecimento espiritual de Deus”. Daí que podemos entender melhor o significado das palavras Tottus Tuus do brasão do Santo Padre o Papa João Paulo II. “Elas resumem admiravelmente o Tratado e também a sua vida”.

Consagração a
Jesus por Ela

Para comemorar três fatos importantes: o 50o. Aniversário da Canonização de São Luis Maria de Montfort, o Projeto Rumo ao Novo Milênio, os Missionários Monfortinos comemorando os 30 anos de sua presença no Brasil, lançaram a terceira edição deste Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria - Preparação do Reino de Jesus Cristo (Editora da Divina Misericórdia, Rua Campinas, 475- Esplanada, Belo Horizonte), que o prefaciador Dom Lelis Lara, Bispo diocesano de Itabira Fabriciano considera ”uma joia da literatura mariana e da espiritualidade cristã”. “Fiquei feliz com esta incumbência, que me deram os amigos Monfortinos”, escreve Dom Lelis. “Na década de quarenta, quando este livrinho apareceu no Brasil, e Luis Maria Grignion de Montfort foi canonizado, eu era seminarista maior”. “Foi-nos apresentada a espiritualidade de Grignion de Montfort com o convite de fazermos a Consagração como escravos de Maria. Até hoje conservo uma fórmula de consagração moldada no espírito de Montfort. Dizia-se que a consagração era irrevogável.” Canonizando Grignion de Montfort, a Igreja aprova solenemente a sua espiritualidade mariana que consiste na entrega total a Jesus pela consagração à Maria, em outras palavras, pela escravidão do amor.” Isso porque, para São Luis Maria Grignion de Montfort, o Bispo explica a entrega total a Maria é a verdadeira consagração a Jesus por Ela.

 

Conhecimento do Reino da
Santíssima Virgem Maria

Os especialistas acreditam que São Luis Maria tenha terminado este livro no ano de 1712, e como ele mesmo previra, o manuscrito fica “escondido” durante anos o que resulta na perda de muitos capítulos inclusive do título original. Mas vejamos o texto de São Luis: “Prevejo que muitos animais rugidores virão enraivecidos para rasgarem com os seus dentes diabólicos este pequeno escrito e aquele de quem o Espírito Santo se serviu para compor. Pelo menos envolverão este livrinho nas trevas do silêncio de uma arca a fim de que não apareça. Atacarão mesmo e perseguirão aqueles que o lerem e puserem em prática”. Como o santo previra o manuscrito fica muito tempo desconhecido: fora dado aos padres da Congregação religiosa fundada por ele que mais tarde vai se chamar Padres Montfortinos. 

Quando em 1793, a Revolução Francesa se desencadeou, os padres colocaram as coisas mais preciosas da Congregação num caixote que foi enterrado numa gruta. E no meio das coisas lá estava o manuscrito. Depois da Revolução, o tal caixote foi parar na biblioteca dos Padres em Saint - Laurent-sur -Sêvre, na França. Mas eis que o acaso, ou a providencia divina faz com que um dia, um padre, procurando dados para compor um discurso sobre Nossa Senhora o encontra. Isso foi no dia 22 de abril de 1842. 
No ano seguinte aparecia a primeira edição francesa do livro.

Hoje, a obra prima de São Luis Maria de Montfort é um dos livros mais editados no mundo, tendo sido traduzido em mais de trinta línguas. Na profecia mencionada, lembra dom Lelis, o livrinho seria rasgado. De fato não foi encontrado inteiro, e ficamos sabendo disso porque em algumas páginas da segunda parte faz-se referencia a uma primeira parte. Como faltasse o título do manuscrito, os padres que o editaram deram-lhe o nome de Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem que é o nome pelo qual é conhecido no mundo inteiro. Mas os montfortianos acreditam que há uma grande probabilidade do título original ser Preparação ao Reino de Jesus Cristo, já que na página 227 se lê: “Conforme já disse na primeira parte desta Preparação ao Reino de Jesus Cristo...”. Este título, diz dom Lelis “põe-nos de sobreaviso que a devoção Mariana não é um fim, mas somente um meio para chegarmos à união com Deus. Ele é o nosso fim, como, aliás, Montfort afirma repetidas vezes nas suas obras”.

Ideia austera
do homem

Dom Lelis adverte os leitores desta “joia da literatura Mariana” para a linguagem de São Luis Maria e o seu modo de pensar sobre a Santíssima Virgem, bem como de seus antecessores e contemporâneos. Lendo as obras de Montfort, ninguém se deixe intimidar pela ideia austera que o Santo faz do homem em geral. Neste ponto São Luis Maria é discípulo da Escola Francesa”. Esta escola gosta de contemplar o homem reduzido a nada, qual verme desprezível, diante da grandeza e majestade de Deus. Daí a grande atenção que presta ao homem caído pelo pecado original. Temos de contemplar esta visão com o que de positivo ficou depois do pecado, pela salvação. Dom Lelis anota ainda os frutos deixados pela obra de Montfort que já sonhara, há três séculos com uma nova evangelização e novos tempos. “Na sua oração abrasada ele suplica: ‘Senhor Jesus lembrai-vos de dar à Vossa Mãe uma nova sociedade, para renovar por ela todas as coisas”. ’ Deus ouviu este pedido. O Santo morreu pai de três famílias religiosas: os padres Montfortinos, as irmãs da Sabedoria e os irmãos de São Gabriel. Os padres montfortinos que chegaram ao Brasil em 1966 estão trabalhando na Região da Brasilândia da Arquidiocese de São Paulo, na formação de Leigos das Comunidades Eclesiais de Base, no Santuário de Nossa Senhora dos Pobres, da Vila Rosina e Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Atibaia, Diocese de Bragança Paulista. As Irmãs Filhas da Sabedoria trabalham em São Paulo e Bahia. Já os Irmãos de São Gabriel desenvolvem trabalhos em Passos, Diamantina e Nova Contagem, em Minas Gerais através dos Centros de Aprendizagem e Profissionalização para crianças pobres.


Espiritualidade de
São Luis Maria

 

E na edição e divulgação da espiritualidade de São Luis Maria de Montfort, está o Secretariado Montfortino, fundado em 1977 no Jardim Rincão (SP) na cidade de Montlevade, em Minas Gerais onde se encontram também o aspirantado e postulantado. Ou seja, o Secretariado tem por objetivo editar e divulgar as obras de São Luis e promover vocações, entendendo-se vocações aqui, não apenas as de especial consagração (padres, irmãos e irmãs), mas também a de ministérios leigos. 
Quem quiser orientação de leituras sobre a Consagração a Jesus por Maria, segundo o método de São Luis Maria de Montfort, pode escrever para Secretariado Montfortino-Animação Vocacional Montfortina - Caixa Postal 52, CEP 35901-970 João MONLEVADE-MG, e-mail: montfort@robynet.com.br


Sublime grandeza que
Deus deu à Maria

E afinal vejamos um pouco da espiritualidade de São Luis Maria que neste Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, inspirado pelo Espírito Santo, usa as mais belas palavras do vocabulário universal para elogiar Maria, a obra prima do Pai, a mãe do Filho a esposa do Espírito Santo. “Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo. Durante a vida, Maria permaneceu muito oculta. É por isso que o Espírito Santo e a Igreja lhe chamam ALMA MATER, mãe escondida e secreta. A sua humildade foi tão profunda que não teve na terra atrativo mais poderoso nem mais contínuo que o de esconder a si mesma e a toda criatura, para que só Deus a conhecesse. A fim de atender aos pedidos que Ela lhe fez, para que a ocultasse, empobrecesse e humilhasse, aprouve a Deus ocultá-la na sua conceição e nascimento, na sua vida, mistérios, ressurreição e assunção, aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios pais não a conheciam e os anjos perguntavam muitas vezes entre si: ‘Quae est ist? Quem é esta? ’, porque o Altíssimo lha escondia, ou, se alguma coisa lhes revelava a seu respeito, infinitamente mais lhes ocultava. Deus Pai consentiu em que Ela não fizesse milagres em vida, pelo menos manifestos, embora lhe tivesse dado poder para isso. Deus Filho permitiu que quase não falasse, embora lhe tendo comunicado a sua sabedoria. Deus Espírito Santo deixou que os seus Apóstolos e Evangelistas falassem muito pouco sobre Ela, apenas o necessário para dar a conhecer Jesus Cristo, apesar de Ela ser a sua esposa fiel”.

“Obra prima do Altíssimo”

 

“Maria ‘é a obra prima por excelência do Altíssimo’, continua São Luis Maria de Montfort,” cuja posse e conhecimento Ele reservou para si (São Bernardino de Sena), Maria é a Mãe Admirável do Filho, o qual quis humilhá-la e escondê-la durante a vida para favorecer a sua humildade. Para este fim tratava-a pelo nome de ‘mulher’, (João 2,4 e 19,26) como a uma estranha, embora no seu coração a estimasse mais do que a todos os anjos e a todos os homens. Maria é a fonte selada (Cântico dos Cânticos 4,12), e a esposa do Espírito Santo onde só Ele tem entrada. Maria é o santuário e o repouso da Santíssima Trindade, onde Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar a sua morada acima dos querubins e serafins. Neste santuário nenhuma criatura, por mais pura que seja, pode entrar a não ser por grande privilégio. Digo com os santos: a divina Maria (tradução literal duma expressão francesa que significa Maria Santíssima), (Lucas 1, 49) é o paraíso terrestre do novo Adão, onde Ele encarnou por obra do Espírito Santo, para aí operar maravilhas incompreensíveis. ”
“É o grande, o divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência do Altíssimo, onde Ele escondeu como em seu seio, o seu Filho único e nele tudo o que há de mais excelente e precioso. Que grandes e misteriosas coisas fez o Deus onipotente nesta admirável criatura, segundo Ela própria é forçada a dizer, a despeito da sua profunda humildade: ‘Fecit mihi magna qui potens est’- O Poderoso fez em mim grandes coisas!’ O mundo “não conhece estas maravilhas, porque é incapaz e indigno disso.”

“Santa cidade de Deus”

“Os santos disseram coisas admiráveis desta santa cidade de Deus e, segundo o seu próprio testemunho, nunca foram tão eloquentes nem tão felizes como quando nela falavam. E depois disto exclamam que a sublimidade dos seus méritos, que chegam até o trono da divindade, não se pode perceber; que a extensão da sua caridade, maior que a terra, não se pode medir; que a grandeza do seu poder, que até sobre Deus se estende (entenda-se aqui que Deus não resiste à oração da sua dileta mãe), não se pode compreender, e finalmente, que a profundeza da sua humildade e de todas as suas virtudes e graças é um abismo insondável.”
 “Ó sublimidade incompreensível! Ó extensão inefável! Ó grandeza incomensurável! Ó abismo impenetrável! Todos os dias de um extremo a outro da terra, no mais alto dos céus, no mais profundo dos abismos, tudo proclama e publica a admirável Virgem Maria. Os nove coros dos anjos, os homens de ambos os sexos, idades, condições ou religiões, os bons e os maus e até mesmo os demônios, são forçados a chamá-la bem aventurada. Quer queiram, quer não a isso os obriga a forçada verdade.”
 “Como diz São Boaventura, todos os anjos lhe cantam no céu incessantemente: “Sancta sancta, sancta Maria, Dei Genitrix et Virgo- Santa, santa, santa Maria, Mãe de Deus e Virgem”. E, todos os dias, lhe oferecem milhões e milhões de vezes a saudação angélica: ‘Ave Maria’, prostrando-se na sua presença e pedindo-lhe a mercê de os honrar com algumas de suas ordens. O próprio São Miguel, embora seja o príncipe de toda a corte celeste, é o mais diligente em lhe prestar toda espécie de homenagens e em fazer com que lhas tributem. Constantemente aguarda a honra de ser por ela mandado em auxilio a alguns de seus servos.”


“Toda a terra está
cheia da sua glória”

“Toda a terra está cheia da sua glória, particularmente entre os cristãos que a tomam por tutelar e protetora em muitos reinos, províncias, dioceses e cidades. Quantas catedrais consagradas a Deus sob a sua invocação! Não há igreja sem um altar em sua homenagem, região ou cantão, sem alguma de suas miraculosas imagens, ante as quais toda a espécie de males são curados e se alcança toda espécie de bens. Quantas confrarias e congregações em sua honra! Quantos institutos religiosos colocados sob seu nome e proteção! Quantos confrades e irmãs daquelas confrarias, quantos religiosos e religiosas de todos estes institutos publicam os seus louvores e anunciam as suas misericórdias! ”

“Não há criancinha que balbuciando a Ave Maria, não a louve. Não há pecador por mais empedernido, que não tenha, ao menos, uma centelha de confiança nela. Não há até demônio algum no inferno que, temendo-a não a respeite. Depois disto é forçoso dizer, com os santos: ‘De Maria nunquam satis’, isto é, Maria não foi ainda suficientemente louvada e exaltada, honrada, amada e servida. Merece ainda muito maior louvor e respeito, amor e serviço. Por isso, devemos dizer com o Espírito Santo: ‘Omnis gloria ejus Filiae Regis ab intus-Toda a glória da Filha do Rei lhe vem do interior’ (Salmo 44,4). É como se toda a glória exterior que o céu e a terra lhe tributam à porfia não fosse nada em comparação com a que recebe interiormente do Criador! As pequenas criaturas desconhecem essa glória por não poderem penetrar no mais íntimo segredo do Rei”.

“O mais sublime
milagre da graça”

“Depois disso”, continua São Luis Maria de Montfort, “temos de exclamar com o apóstolo: “Nec oculus vidit, nec auris audivit , nec in cor hominis ascendit ( 1 Cor. 2,9)- “Nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração compreendeu as belezas, as grandezas e a excelência de Maria, o mais sublime milagre da graça , da natureza, e da glória.” Ou, como diz santo Euquério: “Se quereis compreender a Mãe, procurai compreender o Filho. Ela é a digna Mãe de Deus”: ‘ Hic taceat omnis lingua - Que toda a língua aqui emudeça.” E São Luis conclui a introdução do seu livro, dizendo que foi seu coração que ditou o que escreveu neste Tratado, justamente para mostrar como Maria Santíssima tem sido insuficientemente conhecida até agora, e como é esta uma das razões por que Jesus Cristo igualmente não é conhecido como deve ser. “Se é certo“, ele diz, “que o conhecimento e o reino de Jesus Cristo se estabelecerá no mundo, não será mais que uma consequência necessária do conhecimento do reino da Santíssima Virgem Maria. Ela “deu Jesus Cristo ao mundo a primeira vez, e há de fazê-lo resplandecer também segunda vez”.

Para saber mais:

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=home&subsecao=&artigo=oqe&lang=bra

http://blog.cancaonova.com/tododemaria/biografia-de-sao-luis-maria/

http://www.catolicostradicionais.com.br/2012/06/citacoes-de-sao-luis-maria-de-montfort.html