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2014-10-03


“Os meus olhos”. viram a vossa Salvação”


Ana Lúcia Vasconcelos


“Os meus olhos”. viram a vossa Salvação”

 

Quinto Capitulo


Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem justo e piedoso esperava a consolação de Israel (o Messias Redentor) e o Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. Impelido pelo Espírito Santo foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para se cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos”. ‘ Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa Salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel.’ Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: ‘ Eis que este menino está destinado a ser causa de queda e soerguimento para muitos homens em Israel e ser um sinal que provocará contradições - e uma espada transpassará a tua alma- a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. ’

Havia também uma profetiza chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada. Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora, com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação. Após terem observado tudo, segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, à sua cidade de Nazaré. O “menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria e a graça de Deus repousava nele”.

No Templo com
os doutores da lei

Depois desses acontecimentos da primeira infância de Jesus, Maria aparece em cena novamente, no mesmo Evangelho de São Lucas quando Jesus tinha 12 anos e ela e José vão a Jerusalém por ocasião da Páscoa. Aí a temos ansiosa, procurando o filho que se perdera. Afinal ela e José encontram Jesus, três dias depois, discutindo no Templo com os doutores da Lei. Vejamos o episódio narrado pelo Evangelista Lucas (2, 41-52).“Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem que seus pais percebessem. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram à Jerusalém, à procura dele. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que os ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas”.
Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe, disse-lhes: ‘Meu filho, que nos fizeste? Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição. Respondeu-lhes ele: ‘ Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?’ Eles, porém não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso; sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus “crescia em estatura, em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens”.


“Fazei tudo o”.
que ele vos disser”

São João no seu Evangelho vai inserir Maria em dois episódios: as Bodas de Caná (2,1-12) e na cena do Calvário (19,25-27). Vamos ao texto do mais jovem dos discípulos: “Três dias depois, (ele se refere ao início da vida pública de Jesus quando ele encontra os primeiros discípulos) celebrava-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles não tem mais vinho’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Mulher, isso nos compete a nós? Minha hora ainda não chegou. ’ (Esta passagem pode ser lida assim: ‘Mulher, que tem isso a ver comigo e contigo? Em si, nós nada temos a ver com esta falta de vinho. Minha hora de fazer milagres ainda não chegou. Contudo, a teu pedido, antecipo esta hora. ’)”. Disse então sua mãe aos serventes: ‘ Fazei tudo o que ele vos disser’. Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada uma duas ou três medidas (estas medidas são de quarenta litros e cada talha tinha de 80 a 120 litros). 
Jesus ordenou-lhes: ‘ Enchei as talhas de água. ’ Eles encheram-nas até em cima. ‘Tirai agora, ’ disse-lhes Jesus, ‘ e levai ao chefe dos serventes’. E levaram-na. Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo donde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água) chamou o esposo e disse-lhe: ‘ É costume servir primeiro o vinho bom, e depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o vinho pior. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora. ’ Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-se em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. Depois disto desceu para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos, e ali demoraram poucos dias.”

“Mulher eis aí teu filho”

eis aí tua mãe”.

A segunda referencia à Maria feita por João é a cena da crucifixão, onde o mais jovem dos discípulos é confiado à mãe de Jesus, simbolizando toda a humanidade (19,25-27): “Junto à cruz de Jesus estavam de pé, sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à mãe: ‘ Mulher, eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’. E desta hora em diante o discípulo a levou para sua casa”.
Finalmente a última referencia à Maria nos Evangelhos é a que aparece em Atos dos Apóstolos (Atos de Pedro 1,14) onde se menciona que Maria continuava com os discípulos que perseveravam em oração, em Jerusalém, no intervalo entre a Ascensão e Pentecostes-, a descida do Espírito Santo, conforme promessa feita por Jesus antes da sua paixão e morte e depois da sua Ressurreição, durante o tempo que permaneceu com os discípulos, antes da Ascensão: “porque João (Batista) batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo aqui a poucos dias”. (Atos 1,5) ou ainda: “mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará forca e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo”. (Atos 1,8).

Ficaram todos cheios
do Espírito Santo

Vejamos o Evangelho de João (1,12-14): “Voltaram eles então para Jerusalém distante uma jornada de sábado (mil metros) o que era permitido aos judeus caminhar no sábado. Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Entre eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão o Zelador e Judas, irmão de Tiago”. Todos eles perseveravam unanimemente em oração juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus e os irmãos dele. De repente veio do céu, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e repousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme lhes concedia que falassem.”

A casa da Virgem,
a toda pura

Consta que Maria teria passado para a “vida que se não se acaba” em Jerusalém onde há a Igreja da Dormição de Maria, que fica no Monte Sião. No entanto os especialistas dizem que o mais provável é que, devido as perseguições, Nossa Senhora tenha acompanhando São João a Éfeso, onde teria passado os últimos dias de sua vida.
Sobre este fato, aliás, e isso eu leio no livro do padre Ernesto Roman: Aparições de Nossa Senhora-suas mensagens e milagres, já citado. Consta que a vidente Ana Catarina Emmerick (1774-1824), que viveu toda a sua vida paralisada, portanto sem sair de casa, teve revelações sobre este fato. Segundo ela, a Virgem Maria se refugiou, nos últimos anos de sua vida, em Éfeso. Seguindo as informações da vidente, certo padre Gouyet, levemente incrédulo foi pesquisar e encontrou no Egito e em Éfeso exatamente como a vidente descrevera: suas pesquisas revelam que, depois da Ascensão de Jesus, Maria viveu três anos em Jerusalém, três na Betânia e nove anos em Éfeso, a três léguas e meia da cidade. O padre encontrou a casa feita de pedra, com duas salas, no lugar indicado e como fora descrito por Ana Emmerick. A descoberta conforme anota o padre Ernesto Roman, aconteceu em 1881 e segundo os relatos, os cristãos de lá deram um nome à moradia: “a casa da Virgem, da toda pura”.