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2015-05-06


O índio Juan Diego vê a Virgem em Guadalupe


Ana Lúcia Vasconcelos


 O índio Juan Diego vê a  Virgem em Guadalupe

 

 

Capitulo 21

 

      No ano seguinte, em 1531, a Virgem manifesta-se novamente aos humanos, só que desta vez no México, no chamado Novo Mundo, que, recém-descoberto, contava com milhões de índios dispersos pelas matas virgens, divididos em tribos que guerreavam entre si, e “aguardavam o desafio da evangelização, prometida por Santo Domingo”, segundo diz o cardeal dom Agnelo Rossi no seu livro Salve Rainha da América. “Seria obra gigantesca”, ele continua, “superior à capacidade humana dos mais ardorosos e valentes missionários, não viesse a própria Virgem Maria colocar-se à frente dessa empresa no continente. E o fará exatamente no México e tomando como colaborador o próprio elemento indígena. Parece algo fabuloso e na verdade foi realização historicamente documentada que dura já cinco séculos.”  O Cardeal Rossi lembra que a bela aparição da Virgem em Guadalupe ocorre em 1531, alguns anos depois do inicio da colonização espanhola no México, que ocorrera em abril de 1519. Em 1525 já havia algumas comunidades cristãs fundadas por missionários franciscanos e a “ a Virgem Santíssima vem se associar a essa evangelização para realizar a fraternidade cristã entre as duas raças: a europeia e a indígena. A celeste mensageira não se serviu da língua dos brancos, dos dominadores, mas escolherá como apóstolo um indígena, falará não na igreja oficial de Santiago, mas numa terra pagã e assim o povo mexicano começa nova época. O processo de fusão entre vencidos e vencedores será longo e doloroso, mas para os astecas surgiu um novo sol e a Virgem de Guadalupe, mais tarde Padroeira da América Latina, maternalmente se apresentava para realizar esta fraternidade”.

 

Na colina de Tepyac

cânticos maravilhosos

 

      Estamos, pois no dia 9 de dezembro de 1531. É sábado, e o índio Juan Diego está a caminho da paróquia para a catequese, quando ao passar pela colina de Tepyac - onde outrora ficava o templo pagão da rainha da serpente- tem a impressão de ouvir cânticos maravilhosos de aves canoras. É preciso esclarecer, que ele se levantara à meia noite já que a igreja ficava a exatos 24 quilômetros da sua casa.  Na sequencia dos cantos, ele vê uma nuvem branca luminosa e uma senhora que o saúda, chamando-o pelo nome. Sem medo ele subiu a colina e lá a senhora de porte majestoso o convida a aproximar-se. Maravilhado com a beleza da Dama, Juan Diego cai de joelhos, e ouve. “Juanito, tu és o menor dos meus filhos. Onde estás andando? Fica sabendo tu, que és o menor dos meus filhos, que eu sou a Virgem, Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus, fonte de Vida, do Criador, que tudo compreende, Senhor do céu e da terra. Ardentemente desejo que me seja construído aqui um templo, onde eu possa oferecer todo o meu amor e a minha compaixão, o auxílio e a proteção porque eu sou a Vossa Mãe misericordiosa. Tua e de todos os habitantes desta terra, dos devotos que me invocam com confiança e dos quais ouço o clamor. Eu quero, por isso trazer o remédio para suas dores, dificuldades e  sofrimentos , aparecendo neste lugar de culto que será construído por teu intermédio para realizar a minha clemência. Tu irás por isso ao palácio do bispo da cidade do México para lhes dizer que eu te envio e que desejo que me construa um templo sobre a esplanada. Dirás exatamente aquilo que viste e ouviste. Estejas certa que eu serei muito grata por este compromisso e tu merecerás uma recompensa pelo esforço e a fadiga de ter cumprido a minha missão.Vai e cumpre-a a agora que entendeste bem o meu mandato.”

 

 

Juanito é desacreditado

 pelo bispo

 

     Juan Diego vai ao palácio do bispo como Nossa Senhora pedira e conta tudo o que ocorrera na colina, mas o bispo sequer digna-se ouvi-lo. Triste, o jovem índio volta à colina e conta para a Virgem o resultado de sua empreitada, pedindo inclusive que ela arrume outro mensageiro mais capacitado, mais digno de atenção, já que a um índio... O bispo nunca iria ouvir. Mas a Santíssima Virgem insiste que o mensageiro é ele e pede que ele retorne e fale novamente da sua mensagem. Juan Diego obedece e no dia seguinte, um domingo, depois da missa fica longas horas esperando o bispo a quem pede, entre lágrimas, que acate o pedido da Virgem. O bispo vendo-o assim comovido lhe pede um sinal para que ele pudesse acreditar nessa história fantástica. E ordena aos empregados que o sigam discretamente para afinal conferir aquilo tudo. Como o índio tomasse a estrada que conduzia para fora da cidade, os seus seguidores o perdem de vista. Entretanto Juan Diego volta à colina e relata à Senhora o pedido do bispo. Ela pede então que ele volte no dia seguinte para receber o sinal. Acontece que no dia seguinte um tio de Juanito, Juan Bernardino fica gravemente doente e assim o índio não vai à colina.

     Na terça feira como a doença persistisse, ele decide chamar um médico e um sacerdote para os últimos sacramentos. Temos assim o jovem índio apressado passando pelo outro lado da colina. Mas Nossa Senhora o intercepta e Juan Diego tenta justificar sua pressa alegando a doença do tio.  A Virgem diz que pode ficar tranquilo quanto a isso, o tio já estava curado, e que ele, subisse até o alto da colina que lá encontraria muitas flores. Poderia colher um belo ramo e levar para o senhor bispo. E pediu que depois que as colhesse voltasse à sua presença. Ora, é preciso esclarecer que estávamos em pleno inverno e Juanito fica maravilhado como, com a colina coberta de neve, pudesse haver tantas flores. Colheu muitas rosas e levou-as para Nossa Senhora que pediu que ele colocasse dentro do manto e só abrisse na frente do bispo.

 

Impressa no manto

a imagem da Virgem

 

      Quando Juan Diego chega ao palácio episcopal, tem que passar por várias pessoas até que finalmente chega diante do bispo e abre o manto. Que surpresa maravilhosa para todos: do rude manto do garoto caem belas e perfumadas rosas, e estampada no pano a imagem da Virgem Maria. Diante disso o bispo cai de joelhos, já que havia ali, não um, como pedira, mas dois sinais: primeiro o das rosas em pleno inverno, e depois a imagem impressa no rude avental do índio que ele quis conservar na capela e até hoje se encontra intacto na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe.  O bispo quis ir até o local onde a Virgem queria o templo e Juan Diego, missão cumprida, queria ir para casa para ver o tio. Eis que outra surpresa o aguardava ali: o tio estava completamente recuperado e ainda felicíssimo já que recebera, ele também, a visita da Senhora que se apresentou dizendo ser a Virgem Santíssima de Guadalupe.  “A aparição de Nossa Senhora é um fato que se repetiu na história dos povos”, diz o cardeal Rossi, “ mas a impressão de sua imagem é acontecimento único e inédito. Num tecido rústico de saco, que dificilmente supera uma dezena de anos, conserva-se, há quase cinco séculos, uma imagem desenhada- o que seria inconcebível para a pintura humana naquele humilde pano, com técnicas e cores e pormenores prodigiosos, como é atestado por aparelhos mais modernos e perfeitos, por exemplo o aparecimento de uma figura refletida, talvez a figura do bispo, na pupila dos olhos da Virgem.”

 

http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?idmat=78F44B7B-3048-560B-1C0E887EA3F01DB6&mes=Janeiro2006

 

O milagre da

 Virgem de Guadalupe

 

     Nossa Senhora confirmou sua aparição em Guadalupe, deixando para sempre sua imagem estampada no manto que mede 1,68 cm por 1,05 cm, sendo que a imagem mede 1,43cm por 55 cm. Ela tem a tez morena como os índios e as mãos postas, sendo rodeada por raios luminosos. A sequencia dos acontecimentos registra que foi construída imediatamente uma igreja no lugar da aparição, e em 1737 Nossa Senhora de Guadalupe foi declarada Padroeira do México. Recentemente em o Papa João Paulo II a declarou Mãe das Duas Américas. Juan Diego passou a morar junto à ermida da Virgem de Guadalupe tornando-se apóstolo junto aos indígenas que se converteram aos milhões à Divina Mãe aceitando Cristo como Salvador e reconhecendo, como diz o cardeal Rossi, “também nos estrangeiros seus irmãos de fé”.

     O cardeal Agnelo Rossi lembra ainda, que mesmo sem descrever em detalhes o culto da Virgem de Guadalupe através dos séculos, basta dizer que o povo mexicano sempre foi fiel à Senhora de Guadalupe e mesmo quando a perseguição religiosa ficou exacerbada, sempre houve cuidados para não se ferir este culto. O papa Leão XIII decretou a coroação pontifícia de Nossa Senhora de Guadalupe e em pleno governo do presidente Calles; Pio XI no Ano Santo de 1933 fez colocar a Virgem de Guadalupe na Glória, famoso quadro de Bernini, na solene celebração de 12 de dezembro na Basílica de São Pedro, que foi oficiada por Dom Orosco y Jiménes, arcebispo mexicano perseguido. Pio XI mandou edificar ainda em Roma, uma capela dedicada a Nossa Senhora de Guadalupe na igreja de S. Nicola in Cárcere, para assistência religiosa aos  latino- americanos que vivem  lá . E o papa João Paulo II, em 1992, ano do Quinto Centenário da América, introduziu o quadro de Nossa Senhora de Guadalupe numa capela na Gruta da Basílica Vaticana, perto do túmulo de São Pedro. E ainda aprovou a construção de um monumento no Vaticano, que reproduz a cena em que Juan Diego apresenta ao bispo Zumarraga o sinal da Senhora de Teypac. Esta história está reproduzida na Mariologia Bíblica e Conciliar escrita para o futuro Centro de Formação que funcionará junto ao Santuário de Guadalupe, que o cardeal dom Agnelo Rossi está criando, no bairro de em Campinas (SP).