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2014-10-03


Maria, a Bem Aventurada


Ana Lúcia Vasconcelos


Maria, a Bem Aventurada

 

 

 

Quarto Capítulo 

 

Segundo os dois evangelhos apócrifos (que não fazem parte da chamada Sagrada Escritura): o Evangelho do Nascimento de Maria e o Protoevangelho, Maria, do hebraico Myriam, mãe de Jesus, nasceu em Nazaré, província da Galiléia e era filha de Joaquim e Ana, descendentes de Davi. Ainda que não haja documentos importantes do 1o. Século sobre eles, algumas fontes referem-se a Joaquim como sendo pastor de Judá, homem rico e generoso. Segundo os relatos bíblicos, Maria concebeu do Espírito Santo, o Salvador, o Messias esperado pelos judeus, o Cristo, estando virgem e prometida a José, carpinteiro, da estirpe de Davi. Segundo o Evangelho de São Lucas, o anúncio foi feito por um anjo, o arcanjo Gabriel que deu a noticia à Maria, da vontade do Altíssimo.
Quando ela disse seu sim, imediatamente concebeu, e São Gabriel deu-lhe como sinal da graça alcançada, a notícia, da concepção, na velhice, de sua prima Isabel. Isabel estava grávida de João Batista, o precursor de Jesus, “a voz que clama no deserto”. Ao descobri-la grávida, antes mesmo da união, José que “era um homem justo” resolveu deixá-la, em segredo.
É, no entanto, alertado por um anjo em sonho, que Maria concebera por obra do Espírito Santo de Deus, e que o ser que gerava em seu seio “era o Filho do Deus Vivo”, o Redentor, o Messias prometido: o menino seria grande porque era “filho do Altíssimo”. José aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus, fica e cuida de Maria e Jesus com amor e desvelo. Vejamos como São Lucas relata esses acontecimentos conhecidos como Anunciação (1,26-37) e Visitação quando Maria visita sua prima Isabel, (1,39-45) e então seu cântico, obra prima de louvor a Deus, o Magnificat (1,46-55).

O nome da virgem
era Maria

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, a uma cidade chamada Nazaré, a uma virgem desposada por um homem que se chamava José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando o anjo disse-lhe ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.’ Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significava semelhante saudação. O anjo disse-lhe: ‘Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó e o seu reino não terá fim”.
Maria perguntou ao anjo: ‘como se fará isso, pois não conheço homem’? Respondeu-lhe o anjo: ‘o Espírito Santo descerá sobre ti e a forca do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida como estéril; porque a Deus nenhuma coisa é impossível. ’ Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. ’ “E o anjo afastou-se dela”.

Maria visita Isabel

“Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em voz alta: ’ Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir à mim a mãe do meu Senhor? Pois assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem aventurada és tu que creste pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor foram ditas’.
E Maria disse: ‘Minha alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamarão todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade para sempre. ’

Ela deu à luz
seu primogênito

O nascimento de Jesus se deu em Belém onde José e Maria foram alistar-se por ordem do recenseamento romano decretado por César Augusto. Vejamos como Lucas (2,1-21) narra o acontecimento: ”Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio: porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia nos arredores uns pastores que vigiavam e guardavam o seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles e tiveram grande temor.
O anjo disse-lhes: ‘Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura. E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste que louvava a Deus e dizia: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina) ‘. 
Depois que os anjos os deixaram e voltaram para o céu, falaram os pastores uns com os outros: ‘Vamos até Belém, e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou. ’ Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura. Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que os ouviam, admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores. Maria conservava todos estas palavras, meditando-as no seu coração.
Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus, por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito. Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno”.
A próxima referencia de Maria no Evangelho de São Lucas é o relato da Apresentação do menino Jesus no templo depois da sua purificação, conforme os ritos judaicos (2,22-39). “Concluídos os dias da sua purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no para apresentá-lo ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: ‘ Todo o primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor’ (Êxodo, 13-2) e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas e duas pombinhas”.