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2015-04-03


Aparições revelam mundo invisível


Ana Lúcia Vasconcelos


Aparições revelam mundo invisível

 

Capítulo 9

O que ocorre na verdade, é que as aparições, as profecias, as revelações revelam aos homens um mundo invisível, que eles relutam em aceitar. O Antigo Testamento relata como os profetas anunciaram o dilúvio, o incêndio de Sodoma, o cativeiro dos judeus na Babilônia, a ruína de Jerusalém, a dispersão de Israel sobre toda a terra, e ainda a volta dos judeus para a Palestina nos final dos tempos. Enfim, em cada período histórico de decadência espiritual, Deus tem sempre prevenido os homens-através dos profetas, depois pelos apóstolos (depois da vinda de Cristo ao planeta) das consequências de sua conduta. Jean Stiegler, autor de Os Segredos de Dozulé, já citado, alerta para a necessidade de sermos humildes quando nos aproximamos das aparições celestes, já que elas revelam um mundo invisível que os nossos cinco sentidos não conseguem captar. “O sobrenatural, o divino, escapam às leis terrestres. Entramos num campo inexplorado pela ciência, onde os próprios exegetas e teólogos não acabaram ainda de soletrar as primeiras letras do alfabeto.” De modo até bem natural, fala que Deus tem meios de comunicação superiores aos nossos, que para nos comunicarmos, escrevemos, telefonamos (e eu acrescento, mandamos emails, etc.). Mas Ele desvenda sua presença, com meios extraordinários, se mostra realmente a uma pessoa privilegiada, ditando-lhe palavras destinadas a outros homens, a fim de lhes aconselhar sobre o como proceder à frente as dificuldades e acontecimentos futuros”. Daí que a finalidade das aparições de Cristo é: salvar os homens, ajudando-os a mudar de vida, e atualizando as palavras do Evangelho.

Depois da sua morte
se manifestou com aparições

Aliás, ele diz que a própria civilização cristã não teria existido, se depois de sua morte, Cristo não tivesse se manifestado aos apóstolos por suas aparições. A divindade de Cristo está provada, segundo ele, por suas aparições e os Evangelhos narram esta história. Depois da crucifixão as santas mulheres e Maria Madalena voltaram ao túmulo vazio e explicaram aos apóstolos que tinham visto Jesus ressuscitado, vivo! “Mas estas noticias pareciam-lhes como delírio e não lhes deram crédito”. (Lc 24,11).
Os apóstolos reconheciam que Jesus tinha feito milagres extraordinários diante de seus olhos, mas ele estava morto na cruz. Estavam convencidos que ele havia perdido todo seu sangue e que João ajudara José de Arimatéia a descer o Salvador da cruz e o colocar às pressas no túmulo. Os judeus e os romanos o guardavam por ordem de Caifás a afim de que os discípulos não viessem roubar o corpo à noite.
Ora, São Lucas dá testemunho da sua incredulidade quando os dois discípulos de Emaús tentaram convencê-lo que tinham visto Jesus ressuscitado. Vejamos como Lucas conta este episódio: “Enquanto falavam, Jesus se fez presente no meio deles e lhes disse: ‘ a paz esteja convosco! Espantados e cheios de medo, pensaram estar vendo um espírito. Mas ele lhes disse: “ qual o motivo de toda esta perturbação e por que se levantam estas dúvidas em vossos corações ? Olhai as minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo! Tocai-me, olhai: um espírito não tem carne, nem ossos como vos vedes que eu tenho!”Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como, sob o efeito da alegria, eles permanecessem ainda incrédulos e surpresos, ele lhes disse: “ Tendes algo aqui de comer?”Ofereceram-lhe um pedaço de peixe grelhado que Jesus pegou e comeu à vista deles.”

Provou sua
existência física

Diante da incredulidade dos apóstolos, Jesus lhes propôs duas experiências: primeiro que verificassem sua existência física, tocando-o para constatar a realidade material da sua visão e depois, por causa de suas dúvidas, pediu para comer um prato que eles mesmos haviam preparado: um peixe grelhado. “Quando os apóstolos viram o peixe desaparecer na boca do Mestre acreditaram enfim na realidade racional da ressurreição”, conclui Jean Stiegler. E completa: “Toda a descoberta científica está assim calcada sobre uma constatação experimental, empírica no inicio. A ressurreição estava verificada “científica e racionalmente aos olhos dos apóstolos que somente naquele momento, acreditaram que Jesus era Deus, pois que tinha o segredo da vida permitindo-lhe voltar do estado de morte clínica.”
Jesus provou assim que era o Mestre da vida, o Criador. “Ele mostrou-nos o caminho, provando pelas aparições, a existência de realidades desconhecidas e novas. “A força criadora do mundo é o amor encarnado em Jesus, Deus feito homem”, conclui.

A revelação divina
está encerrada?

Em novembro de 1984 o cardeal Ratzinger, prefeito da Congregação da Fé, à época, hoje Papa Bento XVI, disse o seguinte à revista italiana católica Jesus sobre este tema das aparições: “A Igreja ensina que a Revelação divina se encerrou com Jesus Cristo, que Ele mesmo é a nossa Revelação. Mas não podemos impedir Deus de falar para o nosso tempo mesmo a pessoas simples e se manifestar por sinais extraordinários que revelam a insuficiência de uma cultura como a nossa, marcada pelo racionalismo.” Jean Stiegler acredita que a Revelação não está encerrada porque estamos longe de conhecer tudo. E mais: Deus revela seu Reino conforme a pureza do anseio dos homens, no decorrer dos séculos. Por exemplo, ele lembra que o Evangelho não fala do culto ao Sagrado Coração, da Imaculada Conceição ou do Coração de Maria.Cristo revelou este mistério a Santa Margarida Maria de Alacoque, em 1673. E a Santa Virgem revelou à Bernardette Soubirous em Lourdes (França) em 1858, e em Fátima aos pastores em 1917. “Para acreditar, ele diz, “é preciso ter uma fé simples como o centurião, como a samaritana como o cego de nascença”. Os incrédulos são como a criança que se cansa tentando esvaziar o mar para verificar seu conteúdo”. Para entender a importância das aparições na Igreja, lembremo-nos deste ponto essencial, anota Jean Stiegler: “Cristo estabeleceu Pedro, chefe da Igreja por ocasião da sua terceira aparição, depois de ressuscitado, à beira do lago de Tiberíades. Ou seja, sem a terceira aparição de Cristo ressuscitado, aquela que perdoa as franquezas humanas, não haveria nem Papa nem Igreja romana, nem clero. Portanto, ele conclui, é impossível ser cristão hoje se não se acredita na divindade de Cristo provada por suas aparições depois da sua ressurreição.”


Religião do Amor

No entanto ele ressalta, a humanidade vive um período muito crítico de sua história, e questiona se a liberdade de expressão estaria reservada apenas aos homens. Não teria Jesus a possibilidade de ditar ao povo cristão uma mensagem ‘última e definitiva’ para salvá-lo como fez Javé durante milênios com o povo judeu, por meio de Abraão, Moisés, Isaías, Daniel e muitos outros, pergunta. Ele mesmo responde: o cristianismo não é um sistema de pensamento ou uma filosofia altruísta, mas sim, uma religião do Amor, a história do único homem-Deus que caminhou na terra, há vinte séculos; é o caminho da verdadeira vida para aceitar o mundo divino, antítese do mundo atual onde o forte domina o mais fraco; a aceitação e não a rejeição do sofrimento que torna sublime o coração, tornando-o sensível ao sofrimento dos outros; a longa aprendizagem do diálogo com um Deus infinitamente Bom, que vai até doar a vida do seu único filho em troca do nosso pecado; o exemplo perfeito do amigo verdadeiro que se doa gratuitamente ao inimigo sectário; o cristianismo é enfim, a escola da CARIDADE, do Amor.
Jean Stiegler pergunta então: quando se é cristão no que se deve acreditar? E cita uma série de teólogos que se aprofundaram no estudo das revelações como o padre Balic, presidente da Academia Marial Internacional de Roma, bispos, cardeais como o cardeal Cerejeira, patriarca de Lisboa, o padre José de Santa Maria, cujas vozes se levantaram para mudar os textos da Igreja, que desde Bento XIV até Pio X diziam:”

A igreja apenas permite acreditar com uma fé simplesmente humana nas mensagens das revelações e outras aparições privadas. Ora, ele lembra, o cardeal Cerejeira disse recentemente: “ Isto não basta: se Deus fala, é preciso mais do que fé simplesmente humana e facultativa na resposta que se deve lhe dar.” E o padre José de Santa Maria assim justifica teològicamente a atitude a tomar. O Santo Padre o Papa João XXIII, aliás, foi quem o encarregou de estudar este ponto delicado, muito pouco conhecido da Igreja, depois do atentado que sofreu no dia 13 de maio de 1981, a respeito das aparições de Fátima. São eles: 1. existem revelações privadas: mensagens pessoais comunicadas a certas almas para seu bem particular; 2. há profecias públicas, dadas por intermédio de outras almas privilegiadas, à Igreja, para a conduta dos fiéis. “É o caso típico de Dozulé como também de Fátima, ressalta Jean Stiegler, e toda a história da Igreja, como também a leitura do conjunto dos Atos dos Apóstolos, demonstram a permanência dos profetas. Eis, com efeito, uma palavra estupenda da epístola dos Efésios (2,20): “A Igreja tem como fundamento os apóstolos e os profetas.”

Palavras ditadas
pelo Espírito Santo

Ora, ele continua o que caracteriza o profeta é sua palavra, não inspirada, mas ditada pelo Espírito Santo. “O profeta repete sem entender aquilo que ouve, e sua missão consiste apenas em transmitir uma mensagem celeste aos homens, informando-os das vontades divinas sobre sua conduta, seu presente, mas também sobre o futuro da humanidade.” Assim, por escolha do Espírito Santo, a voz do profeta é complementar, mas diferente da hierarquia eclesiástica que é uma hierarquia estabelecida pelos homens.
Portanto, ele ensina, para determinar se um homem ou uma mulher agem sob influencia do Espírito Santo, o bispo da diocese deve: 1. Encaminhar uma pesquisa canônica; 2. Transmitir as conclusões à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma. Esta Congregação vai tomar a decisão final depois de cuidadoso exame de todos os elementos das aparições, locuções, enfim vai analisar toda questão segundo parâmetros próprios. Mas, ele ressalta, uma vez que a palavra do profeta for reconhecida como sendo de origem divina pela Sagrada Congregação da Doutrina da Fé, cabe ao Papa e a toda Igreja obedecer, não ao profeta, mas a Deus, de quem o profeta é um instrumento. E termina citando São Paulo: “Não extingais, não desprezeis as profecias, examinai tudo, discerni e o que for bom retende-o”.