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2016-02-11


Visita a paróquia de Cristo Rei Dia 18 e junho de 2008


Ana Lúcia Vasconcelos


Visita a paróquia de Cristo Rei Dia 18 e junho de 2008

 

 

No dia 18 de junho de 2008, quarta feira, Dom Bruno visitou a Paróquia de Cristo Rei e concelebrou a missa com os padres, dom Mauro de Souza Fernandes, OSB da Igreja São Paulo Apóstolo, padre Pedro Piacente da Paróquia Nossa Senhora das Graças, padre Paschoal Brasilino Canoas da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, cônego Luiz Carlos da Fonseca Magalhães, pároco da igreja de Cristo Rei e padre Fernando Garavaglia, CMF da Paróquia Nossa Senhora do Rosário para tratar do Ministério Caridade. As leituras foram Leitura (2 Reis,2,1-6-14; Salmo(31/30) e Evangelho( Mateus 6, 1-6.16-18).

Dom Bruno iniciou a homilia dizendo que a palavra confirmava o tema que seria tratado naquele dia: a caridade. “Que tua mão esquerda não saiba o que fez a mão direita”, Jesus diz no evangelho. E ainda lembra os três monumentos erguidos para o Centenário da Arquidiocese-Fé, Esperança e Caridade. A fé ele diz está ligada ao jejum que é também citado no referido Evangelho de Mateus: ‘Quando jejuares não fiqueis com o rosto triste, mas perfuma a cabeça e lava o rosto para que os homens não vejam, mas somente o Pai que está nos céus e que vê o que está oculto.’ E porque não só de pão vive o homem mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.É esta palavra ele diz que suscita a fé,anuncia a caridade.Falando do jejum esclarece que este significa transformar a comida com a qual nos alimentaríamos para dar aos pobres. “Jejum não é fazer economia. O fruto do jejum se transforma em caridade. Por isso a fé está ligada a palavra de Deus.” A caridade é símbolo da esperança e cita o Salmo 69: ‘Me agarro em Deus, Jacó se agarrou em Deus. ’ E hoje Jesus fala da oração – como devemos rezar, fala da nossa oração pessoal.
Relata que pela manhã estivera na secretaria da paróquia Cristo Rei e o padre mostrou Magalhães mostrara os mantimentos destinados às diversas comunidades carentes que esta paróquia auxilia. “Quanto trabalho a igreja realiza! Penso que se as paróquias do Brasil hoje parassem de ajudar estas famílias o Brasil entraria em caos. O Papa Bento XVI escreveu sua primeira encíclica- Deus Caritas Est - Deus É Amor. Mas reflete sobre o fato: mesmo que um país tenha justiça social plena, ainda assim será necessária a caridade. “Vejam países como a Noruega, Suécia, Dinamarca, eles têm tudo, nada falta e, no entanto verifica-se lá o maior numero de suicídios do planeta. Quer dizer eles têm tudo, mas não tem amor. E caridade é o amor de Deus derramado em nossos corações e a caridade de Cristo nos impulsiona para o outro”. Falando da primeira leitura lembra que Elias foi arrebatado aos céus num carro de fogo- e diz que a caridade seja o carro de fogo que elevou Elias, que seja ela que o ânimo das igrejas.
“Jesus disse ainda em outras oportunidades, ele lembra, ‘que pobres sempre os tereis’ e pensamos que precisamos melhorar a situação do Brasil. Sim, podemos chegar a uma justiça social plena, mas sempre haverá lugar para a caridade: e o que seria isso? Uma palavra de conforto, uma visita aos enfermos. Bonito que hoje justamente quando celebramos a caridade tenhamos celebrado a missa dos enfermos. Hoje tive o prazer de celebrar na igreja Nossa Senhora de Lourdes (em todas as paróquias da Forania naquele dia se celebrou as 15 h a missa dos enfermos) e pedi ao padre Canoas que me abençoasse. Sim porque o pastor também precisa ser abençoado.” 
Na seqüência diz que visitara as salas recém prontas da paróquia Cristo Rei destinadas a catequese, encontros, palestras, reuniões e que isso talvez nos leve a pensar que agora está tudo pronto e então acabou o trabalho. Não, lembrando São Francisco que quando terminou sua obra disse aos irmãos: ‘agora temos tudo a fazer. “Então assim eu digo: agora é a hora de começar tudo, porque a caridade nunca cessará, porque Deus é amor.Que esta noite possamos refletir sobre a caridade a serviço dos nossos irmãos.”
Depois da missa, se reuniu com os agentes de pastoral responsáveis pelo Ministério da Coordenação comentando as questões e respostas contidas no Relatório Final.

Ministério da Caridade

Foco: O testemunho de serviço à vida humana, seus direitos, suas necessidades, e realização com atenção preferencial aos mais pobres e necessitados.


Equipes Pastorais envolvidas: Vicentinos, Saúde, Pastoral da Criança e Entidades do 3º Setor.


1. Como está a vivência da comunhão fraterna em nossa Comunidade? 
• Está melhorando com maior comprometimento, mais reuniões, entrega da comunhão e visita aos doentes, atendimento contínuo na creche SPES. Os Vicentinos estão aparecendo mais por meio dos comunicados do padre, mas mesmo assim as contribuições continuam pequenas. A Paróquia participa pouco na ajuda aos Vicentinos.

• Está boa, mas pode melhorar. Procuramos prestar vários serviços de maneira que estejamos unidos e participativos.

• A convivência se restringe aos domingos, aos chamados “paroquianos de final de semana”.

• A nossa comunidade é pequena, porém o pessoal apesar da idade participa. Nota-se que tem um trabalho de conjunto nas várias pastorais.

• Os Vicentinos declaram que a vivência da comunhão fraterna é pouco sentida.

• A vivência da Fraternidade na Paróquia está em evolução. Constata-se uma vivência da solidariedade e da fraternidade bem desenvolvidas, graças aos projetos sociais voltados para fora. Recursos humanos e materiais são partilhados com as necessidades do bairro, das creches nas periferias e, algumas vezes, campanhas em parceria com Comissões de Pastoral da Arquidiocese ou ajuda a Paróquias carentes de recursos.

• Existe uma preocupação da Paróquia/Comunidade com os necessitados. Cestas de alimentos são doadas as famílias necessitadas. Em ocasiões especiais, são distribuídos presentes às famílias e/ou crianças. As famílias são visitadas, especialmente as que têm enfermos. Porém o campo dos movimentos sociais é fraco. A concentração dos esforços apenas na doação de alimento acaba sendo uma atuação de atendimento às necessidades básicas, em envolvimento mais profundo.

2. Em que aspectos podemos verificá-la? 
Podemos verificá-la por meio:

• Da doação de nosso tempo para levar uma palavra e o próprio Cristo aos doentes.

• Da visita aos doentes, distribuição de Comunhão aos que estão impedidos de participar das celebrações, distribuição de cestas de alimentos aos mais necessitados, compra de remédios para os que precisam.

• Das reuniões semanais de artesanato, da confraternização e viagens de lazer com idosos, dos bazares beneficentes.

• Solidariedade: coleta e partilha de alimentos, roupa, livros, material escolar e brinquedos, para duas creches, promoção da alfabetização de adultos (FUMEC), voltada para as domésticas e, ainda, serviços de voluntários nas creches.

• Das atividades voltadas aos enfermos: missa mensal, confraternização, visitas semanais para levar conforto, esperança, a Palavra de Deus e a Eucaristia nas residências e nos hospitais.

• Dos eventos: promoção de festas e atividades sociais, integrando as equipes da paróquia e disponibilizando os recursos a serem partilhados, segundo as necessidades sociais. Os recursos são entregues à paróquia para administração e socialização.

• De outras atividades, tais como capoeira, ginástica para adultos e trabalho com argila para portadores de esclerose múltipla.

3. Quais as nossas dificuldades neste âmbito?
• No relacionamento: precisamos ter maior participação do grupo de acolhimento. Durante as missas todos são simpáticos, mas depois isto não perdura, parece que ninguém se conhece mais.

• A vergonha que o cristão tem de falar de Deus.

• Quase sempre são as mesmas pessoas e que às vezes trabalham em várias pastorais ao mesmo tempo. Muitas pessoas vão a Igreja, recebem convites para trabalhar, mas preferem não assumir compromisso.


• Sentimos falta de:
o Sacerdotes. Isto dificulta o atendimento na Pastoral da Saúde. O nosso Pároco faz o impossível para atender a todos, mas nem sempre consegue pelo excesso de trabalho. 
o Comunicação efetiva. Verificamos a união quando a necessidade é apresentada verbalmente.
o Maior disponibilidade de tempo dos Agentes de Pastoral. A vida das pessoas está bem comprometida com tarefas familiares, profissionais e sociais, além de uma baixa consciência de corresponsabilidade pastoral.
o Agentes masculinos e agentes jovens na Pastoral da Saúde.
o Vínculo entre os paroquianos.
o De pessoas que estejam dispostas a trabalhar nas pastorais, muitas vezes por medo de encontrar as realidades sofridas das pessoas assistidas pelas pastorais.
o Entrosamento e articulação entre as equipes de pastoral.
o Participação das famílias, que não levam seus doentes nas celebrações.
o Do envolvimento do grupo de eventos.

• As pessoas convivem à distância o que diminui a possibilidade de desenvolver amizades; a comunidade tem dificuldade de aproximar e agregar as pessoas, consequentemente, também falta integração entre as pastorais.

• As Comunidades também sentem a ausência de uma vivência fraterna entre os membros que compõem a Comunidade e/ou Paróquia.

4. Nosso organismo ou pastoral alimenta sua espiritualidade no exercício da caridade? De que forma?
• A Pastoral da Saúde alimenta a caridade levando a Palavra e a Eucaristia para o conforto e esperança dos necessitados, representando a Igreja de Cristo.

• Por meio das visitas aos enfermos e necessitados. A pessoa que visita um doente ou entrega a comunhão se sente unida a pessoa que recebe. Existe um envolvimento entre os que recebem a caridade e entre os que a realizam.


• A cada visita são feitas orações, palavras de conforto e o mais importante levamos o próprio Cristo, procurando preparar bem o doente e seus familiares, para que o doente se sinta mais amado por nós e por Deus.

• Com reuniões e palestras frequentes que muito nos ajudam no trabalho.

• A escuta Cristã é uma forma de caridade especial e cuidadosa, tem apoio psicológico e moral, temos ajudado muitas pessoas e encaminhado segundo suas necessidades.

• Os Vicentinos não encontram na Paróquia suporte humano para melhor acompanhar os assistidos. As crianças das comunidades atendidas pelos Vicentinos não têm sido assistidas espiritualmente, como eram no passado.

• A espiritualidade da pastoral dos Vicentinos é feita através de conselhos e de bons exemplos.

• Por meio de orações nas visitas aos enfermos e eles também oram, falando com eles já é um grande remédio, essa convivência, faz muito bem a eles. Também antes da distribuição dos alimentos se faz orações.

• Os tempos fortes são participados nas pequenas comunidades.

• Há um esforço para se criar um clima de espiritualidade que envolva e acompanhe todas as atividades superando a fragmentação do ser humano e a lei da separatividade corpo-alma, matéria-espírito.

• Atendimento às famílias carentes e aos doentes (doação de alimentos e visitação). Celebrações Eucarísticas, grupos de oração e novenas, Cerco da Misericórdia.

5. Como a nossa Comunidade tem se colocado a serviço dos pobres? Que atividades são realizadas em favor dos pobres e dos excluídos?
• Principalmente por meio das atividades realizadas pelo SPES e pelos Vicentinos.
• Vicentinos: realizam visitas às famílias ajudando com alimentos, óculos, reformas, remédios, etc. Mensalmente promovem encontros chamados de “Café e Oração” (leitura do Evangelho) nas comunidades em Itatiaia, Maria de Nazaré, Santa Mônica e Tamoios.
• SPES: atendimento das crianças, acompanhamento dos pais com assistência social. Todos os funcionários são assalariados.

• Por meio de entrega de cestas básicas, remédios e visitas aos doentes. Ao final do ano por meio de entrega das cestas de Natal, confraternização com celebração no final do ano com almoço ou lanche as famílias são assistidas. Também acontece bazar de roupas e utensílios usados.

• Por meio do trabalho dos Vicentinos que promovem mutirões de alimentos, o projeto Reviver com a caridade voltada aos idosos carentes ou não, serviços de assistência médica, banhos nos que vivem em leitos, a Legião de Maria visita os doentes levando atendimento espiritual.

• Por meio dos Vicentinos, Pastoral da Criança e outros grupos conseguimos perceber um trabalho vitorioso na nossa comunidade, todos dentro das possibilidades são atendidos e acolhidos.

• Por meio do estabelecimento de um domingo específico quando os encarregados visitam as famílias.

• Por meio do trabalho dos Vicentinos cuja atividade se resume em arrecadar alimentos, roupas, brinquedos e quando necessário remédios para nossos assistidos e excluídos. Mas esbarramos sempre na desculpa de que nossos assistidos são marginais, moram em reduto da droga, da violência e da promiscuidade. Para que esta situação seja sanada é preciso que a Prefeitura e Estado atuem, mas eles nada fazem.

• Arrecadação de alimentos nas missas e celebrações, realização do Projeto Lava-Pés (distribuição de cestas de alimentos), atuando junto com a Pastoral da Saúde, cedendo espaço para reuniões de movimentos sociais que tem por objetivo debater problemas humanos (habitação, saúde, educação, saneamento básico, etc.), visita e cuidado dos enfermos, preocupação com os desempregados. Incentivo ao retorno aos estudos (o que vem dando muito resultado), fazendo orações nas casas, por meio da Pastoral da Criança (restrita a uma Comunidade).

• Em parceira com a Pastoral da Criança e a Pastoral Carcerária da Arquidiocese, respectivamente, foram feitas doações de Enxoval para Bebê e Produtos de limpeza pessoal. Na linha da promoção humana, a Equipe de Solidariedade criou o curso de alfabetização para as empregadas domésticas do bairro e idosos (FUMEC). A taxa para a celebração do Sacramento do Batismo também foi substituída por doação de alimentos, com o objetivo de se desenvolver, na Comunidade, o espírito de partilha e de socialização dos bens.

• Temos ajudado não só na Paróquia, mas também outras. Doam-se materiais, alimentos, sopa, remédios, empréstimos de cadeira de rodas, roupas. Lembrando ainda que nossas Pastorais ajudam outras Paróquias menos favorecidas.

• Além das atividades ordinárias de apoio às creches, há atendimento aos que procuram a comunidade, através de entrevista pessoal do pároco, doação ou oferta de algum serviço (jardinagem, pintura), e também, através da colaboração de voluntários que atuam nas Entidades ou na Associação dos Moradores e Conselho Comunitário de Segurança (atendimento jurídico, espiritual e psicológico).

• É desconhecida da comunidade a ajuda solitária e solidária que o Pároco dá a muitos pobres que o procuram, pedindo ajuda para pagar água, luz, gás, parcelas de casa popular, viagem para sua terra, compra de remédios, e similares. O pároco procura conversar e orientar com cada um deles, chegando até a oferecer pequenos serviços. Infelizmente ainda não há um organismo que possa coordenar essa atividade tão urgente e refletir para que a ação não fique apenas no assistencialismo.

• Por meio do trabalho dos Vicentinos, no atendimento de mais de 50 famílias necessitadas com palestras de profissionais liberais. O JOCADE (grupo de jovens) tem eventualmente feito visita nas favelas da periferia. Os vicentinos recebem da Paróquia 5% de toda arrecadação do dizimo mensal, nos últimos 03 anos foram construídas 05 casas para as famílias pobres. A Conferência Vicentina atua na ponta e a comunidade sustenta as ações da Conferência.

6. O exercício de nossa caridade tem conduzido os cristãos à participação na vida política? Em que aspectos podemos constatar esse compromisso?
Não:
• Em nenhum aspecto. Os jovens estão sem referencial, o que gera individualidade e enfraquecimento. Citaram a fuga para o “amigo virtual – Internet”.

• Não há nada explícito e programado para tanto. Devido ao perfil socioeconômico, os paroquianos tendem a não se interessar pela vida política. Os mais idosos não se interessam mais e não querem dedicar-se a isto. A parcela economicamente ativa que poderia ter uma participação mais efetiva na vida política, não possui estímulo, ou não encontra o início do caminho, pois, faltam meios diretos para que isto ocorra.

• Os mais jovens, não possuem a atuação que os levem a um crescimento espiritual, vocacional e, muito menos, a uma participação direta e objetiva na vida política.

Sim:
• Por meio de contato pessoal dos moradores com os vereadores da região, que utilizam o espaço cedido pela Paróquia três vezes por mês, porém com pequena participação. A direção da Paróquia tem se preocupado e criado espaços para reflexão e envolvimento, porém o povo não tem demonstrado interesse.

• Participando dos questionários da CNBB.

• A Igreja até pouco tempo atrás não falava em política, agora começamos de forma discreta a pedir que escolhamos melhor nossos candidatos. Somente próximo as eleições nas celebrações.

• Por meio de plebiscitos para que a comunidade dê sua opinião, sociedade de bairro, com palestras sobres seus direitos.
• A Igreja até pouco tempo atrás não falava em política, agora começamos de forma discreta a pedir que escolhamos melhor nossos candidatos. Somente próximo as eleições nas celebrações. 
• Muitos doentes não sabem do direito que têm ao atendimento médico, os agentes devem participar de cursos de cidadania e levar informações aos doentes. Devemos e fazemos a conscientização dos seus direitos não só na saúde como política, não partidária.

• Algumas ações ocorrem isoladamente pelo contato individual que se tem com algum político do bairro ou que frequenta a Igreja. Alguns membros da comunidade fazem parte da Associação de Moradores e se esforçam para envolver as pessoas nas lutas pela segurança, transporte ou outras necessidades locais, mas, não são correspondidos, apesar das visitas às residências e das cartas.

• Um dos poucos momentos de formação da consciência política acontece apenas em conversas nas equipes de pastoral ou nas homilias e reflexões feitas pelo pároco nas missas e reuniões dos conselhos.

• Percebe-se pouca participação, quase nada. É perceptível uma barreira que impede as pessoas de participar mais ativamente da vida política. No entanto a paróquia se empenha em promover situações que insere a população na vida política. Por exemplo, sempre em ano de eleição é promovido debate com os partidos e/ou candidatos e sempre conta com a participação de boa parte dos fiéis. Existe também o incentivo à participação nas lutas por melhorias (Postos de Saúde, Escola, etc.), mas a adesão é mínima.

7. Constatamos alguma sensibilidade da Comunidade para com os problemas dos Direitos Humanos? Quando e como eles são defendidos?

• Sim, mas não são defendidos.

• Não fechamos os olhos a esse tipo de problema, contamos também com pessoas que trabalham na subprefeitura de Barão Geraldo, que está sempre disposta a ajudar em várias áreas da comunidade.
• Quando se presta assistência aos pobres e aos doentes, são defendidos quando notamos determinados problemas e procuramos resolve-los em defesa do direito humano, da pessoa ou família. 
• A comunidade se manifesta nos encontros, sensibilizada com os noticiários, mas na prática só com arrecadação de alimentos. As pessoas ainda têm medo de se envolver em problemas então pouca coisa é feita concretamente. 
• No âmbito da comunidade procuramos sempre atender aos pedidos dos direitos humanos, de um modo geral através da homilia dos sacerdotes e em particular de cada um dos membros das pastorais de caridade. 
• Os direitos humanos são debatidos com palestras na nossa comunidade. São defendidos na esfera da luta pela vida (aborto), na luta pelos que têm fome, na luta pelos desempregados e por todos os excluídos. Cada pastoral social da Paróquia faz a sua doação em obras.
• Sim, através das homilias que enfatizam as necessidades quanto aos direitos humanos.
• Constatamos casos como o contrato de advogados que foram resolvidos, isto através de ações das Pastorais.

• Percebe-se que a comunidade reclama da violência dos roubos e pequenos furtos que cometem os moradores da Estação Guanabara que são 100% dos nossos assistidos. Um trabalho conjunto da Igreja com os órgãos públicos talvez minimize estes problemas.

• Sim, por parte dos Vicentinos, campanhas dentro do calendário litúrgico. Ex.: Quaresma, Campanha da Fraternidade, Semana Social Brasileira, com programação pré-determinada. Não existe nenhum trabalho especifico e continuo de reflexão ou ação. Ex.: Estatuto do Idoso, ECA, Direitos da Mulher, e etc.

• Avisos referentes às ações nesse campo são sempre dados/repassados. Há um incentivo à participação na vida política e na defesa dos direitos humanos, mas é preciso reconhecer que poucos se atiram nessa direção.

• A sensibilidade em relação aos direitos humanos precisa ir muito além do assistencialismo que é realizado e praticado nas atividades de acompanhamento às creches. Falta ainda um trabalho mais organizado junto aos carentes e necessitados, com o objetivo de ter melhor conhecimento da realidade e consciência do trabalho a realizar. Há muito que melhorar, mas algo se tem feito para que se passe da teoria para a prática.


Avaliação e propostas
de Dom Bruno

 


“Temos meditado sobre os cinco ministérios e hoje vamos nos dedicar as pastorais que se dedicam a servir a vida humana seus direitos e necessidades. Isso sempre com base na opção preferencial pelos pobres e necessitados que é o lema da Igreja e aqui lembro São Paulo nos Atos dos Apóstolos citando Jesus quando ele disse que há mais alegria em dar do que em receber.Estamos vivendo isso e a Igreja Católica tem que seguir os passos do Mestre, trilhar suas pegadas. São Paulo dizia: me foram pedidas duas coisas-fidelidade ao Evangelho e cuidar dos pobres.E é isso que se resume o ser cristão.Em Atos dos Apóstolos vemos as primeiras comunidades cristãs vivendo em oração, repartindo o pão,ou seja, estavam firmes na doutrina.E aqui quais são as equipes que trabalham neste Ministério?As dedicadas as crianças, ás mulheres marginalizadas, vicentinos, pastoral da saúde, entidades do terceiro setor, trabalho na formação social.E como está a minha comunhão fraterna? A visita pastoral não é só do bispo, mas dos padres com os leigos. Isso melhora a comunhão fraterna, temos que conhecer o outro irmão dos vários serviços, conviver. Aqui temos o relato das nove paróquias da Forania e um dos itens fala da convivência que se restringe apenas aos domingos - são os católicos de fins de semana.”
Aqui ele reflete: é fácil dar um quilo de alimentos, difícil é sair ao encontro dos irmãos. Há uma pergunta sobre os grupos de artesanato, visitas aos doentes, lazer, bazares beneficentes, eventos e outras atividades. “Jesus Cristo não fundou a Igreja para ser patrocinadora de eventos, mas se isso une os jovens é bom, se isso une as diversas equipes, a própria igreja, é bom. As pessoas brincam que a comunidade são mulheres fazendo crochê. Mas quantos enxovais saíram para os neo nascidos”. Falando sobre outra questão: das dificuldades do relacionamento- as pessoas precisam ter maior participação no acolhimento. Durante a missa todos são simpáticos, mas depois parece que não se conhecem.
“Eu, por exemplo, tenho contato com tanta gente e no fim do dia estou cansado de tanto amor que recebi! Mas às vezes a pessoa chega e pergunta: senhor se lembra de mim? Eu não me lembro, mas é lógico isso pode acontecer de você não conhecer a pessoa na rua, mas se a comunidade se conhecer é maravilhoso. É comum até as pessoas terem um lugar especial na igreja, não é verdade?” Lembra que quando celebrava em São Carlos ele olhava para a assembléia e sabia quem não tinha ido à missa naquele dia. E reitera a importância do relacionamento das comunidades a partir das celebrações, cada com suas características próprias, desde o canto, os leitores, os comentaristas.
Outro item- pessoas não querem trabalhar e daí que são sempre as mesmas que fazem tudo. Ele aconselha: tem que chamar pelo nome porque Jesus chamou um a um. Outro item: as comunidades sentem a falta de sacerdotes- ele diz sim, são poucos os operários para a messe grande. No Batismo recebemos uma missão e ele lembra que falava outro dia sobre isso na São Paulo Apóstolo. Ainda percebe no relatório que faltam agentes masculinos e agentes jovens. “Graças a Deus temos as mulheres na comunidade, mas vamos lembrar que Jesus escolheu homens para serem apóstolos porque senão elas tomariam conta de tudo e nós não teríamos o que fazer.
Outro item: falta o vinculo entre os paroquianos, as pessoas não vem trabalhar porque tem medo de ver a realidade lá fora. Jesus pegou doze e quando começou a falar da sua carne e do seu sangue que seriam alimento eles ficaram em dúvida e ele perguntou: vocês também querem ir embora?
Lendo na seqüência verifica que fala articulação dos grupos, participação das famílias- a convivência é feita á distancia. Ele comenta: “verdade é que vivemos num mundo, numa sociedade consumista e individualista por isso é difícil fazer um grupo de quarteirão, grupos nos prédios, mas temos que tentar e insistir.”. Analisando outro item: o exercício da pastoral da solidariedade aumenta a espiritualidade?Sim, a ponto da escuta cristã que já se pratica em várias igrejas ser de tal importância que se vai fazer agora um curso para pessoas interessadas neste ministério e que vai acontecer na paróquia Nossa Senhora do Rosário. E por falar nisso ele lembra que temos um tesouro aqui na Forania que é o curso de Teologia que acontece também na Nossa Senhora do Rosário.
Ainda seguindo o relatório verifica que os vicentinos sentem a falta de assistência espiritual para as crianças das famílias por eles assistidas. Ele pede que se faça uma articulação com a catequese das diversas comunidades onde se sente esta carência. Quanto às visitas as famílias, crianças, acompanhamento dos pais, Legião de Maria, cestas básicas, cestas de natal, Pastoral da Criança, jovens visitando os pobres... Lembra que os jovens gostam de ter atividades e cita o tapete feito por jovens da Cristo Rei no dia de Corpus Christi.É preciso trabalhar com esta turma ele diz.E ainda faz rápida alusão a Pastoral Carcerária da Arquidiocese com recentes doações que foram feitas de enxovais de bebe e outros produtos para adultos de higiene pessoal pelas varias paróquias.
Sobre a questão: como o exercício de nossa caridade tem conduzido os cristãos à participação na vida política? Em que aspectos podemos constatar esse compromisso ele diz que os papas Paulo VI e João Paulo II especialmente se referiram a este ponto como muito importante - é preciso que os cristãos estejam presentes na vida política do pais .Evidente, ele diz, que sabemos que há muitos conchavos, mas precisamos de gente competente nos órgãos oficiais.Dai que é de fundamental importância que nas paróquias se promova o desenvolvimento da consciência da população especialmente nos momentos de eleições como o que agora se aproxima.Lembra que a CNBB tem visitado o Supremo Tribunal Federal para pedir que os políticos que estão sob judice sejam impedidos de se candidatarem.Dai que é vital que as comunidades ajam nos bairros neste sentido - levar as pessoas a uma maior consciência política, dos seus direitos e deveres.Por isso considera que temas políticos devam ser levantados nas reuniões do padre com o conselho. 
Já pensando na ultima questão: dos direitos humanos lembra que em agosto vai visitar o segundo bloco da Forania constituída das paróquias de São Marcos, Santa Mônica, São Benedito, comunidades de muita pobreza. (Barão Geraldo, tem características distintas) bem diferentes desta região de cá, do primeiro bloco. Então conta que naquelas comunidades se está restaurando a Comissão de Justiça e Paz porque antes, na época da ditadura militar, a Igreja era a única voz que podia falar em defesa da vida. “Hoje ainda que possamos participar, temos pontos que precisam ser vistos e trabalhados. Em relação aos tempos da ditadura militar hoje podemos participar, mas não temos ética, daí que precisamos trabalhar isso: a consciência ética dos cidadãos para que possamos participar efetivamente da vida política do país. Aí sim estaremos bem.” 
Como disse antes ele reafirma que o trabalho nesta dimensão da caridade nunca termina e lembra que o papa João Paulo II dizia que não se devia apenas incentivar isso, mas descobrir novas formas de se fazer caridade nas diversas áreas da vida humana porque a melhor coisa que podemos fazer é amar e que Deus nos pagará isso, porque o Pai que vê o que está oculto. “Que os homens vejam nossas boas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus. Então tenhamos esta consciência: este trabalho nunca termina. Que Deus nos dê a alegria de servir os pobres e necessitados como Jesus nos ensinou e depois nos consideremos ‘servos inúteis’, ou seja, apenas fazemos o que devemos fazer e o Pai nos recompensará.”
Termina agradecendo a todos e convida o cônego Magalhães para fazer a passagem da vela, símbolo da visita pastoral ao padre Pedro, pároco da Igreja Nossa Senhora das Graças, a próxima paróquia a ser visitada. Em seguida todos são convidados para o famoso lanche no salão paroquial.