Facebook Twitter



O chamado profético para a Igreja Ortodoxa Russa em nosso tempo (2)


Padre Enrique Bikkesbakker


O chamado profético para a Igreja Ortodoxa Russa em nosso tempo (2)

  A partir de 1917, irrompe na Rússia o movimento político mais assassino e selvagem de todos os tempos: o comunismo . Nos primeiros anos do poder bolchevique, o procedimento básico se norteava pelo decreto de Lênin, de 23 de janeiro de 1918, baseado na separação entre Igreja e Estado. Na sequência deste ato legislativo, deu-se uma campanha brutal de confisco de propriedades da Igreja, durante a qual foram presas e assassinadas muitas pessoas, ao mesmo tempo em que o ensino religioso era abolido nas escolas e nas instituições de ensino nacionalizadas, inclusive os seminários. Nos anos seguintes, foram realizadas inúmeras campanhas contra a Igreja Ortodoxa.

Em 1919, foi promulgado o decreto sobre a extinção do culto às relíquias, o que compreendeu a profanação de inúmeras igrejas e corpos de santos {foram queimados}. Em 1922, deu-se a requisição de objetos preciosos da Igreja, o que desencadeou numerosas reações entre os fiéis, mas o governo respondeu com uma dura repressão. Não só a Igreja Ortodoxa foi vítima das perseguições, mas também todas as igrejas e comunidades. Todas sofreram uma política de erradicação da vida social e pessoal dos cidadãos soviéticos. Era – como foi escrito em um manifesto de propaganda em 1923- "a luta decisiva contra o papa, chamado de pastor, abade, rabino, patriarca, mulá ou Papa; esta luta deve ser realizada da mesma forma contra Deus, que é chamado de Jeová, Jesus, Buda ou Alá."

Quando Khrushchov assumiu o poder, ele mesmo anunciou ao povo que já haviam matado 20 milhões de cristãos ortodoxos. Se considerarmos que continuou com as perseguições de um modo tão violento quanto seu antecessor, podemos acrescentar outros milhões de mártires cristãos. O Senhor disse a Vassula:  Como poderei descrever tudo quanto seus filhos sofreram? A que poderei compará-los, filha? Todo o Céu estava de luto pelos seus filhos. Os seus filhos estavam completamente indefesos, mas quem estava, então, a seu lado, para chorá-los? Haveria, entre eles, alguém suficientemente forte para trespassar o Dragão? Não, nem quando sua pele colou em seus ossos. Seus filhos passaram a mendigar Pão; oprimidos pelo inimigo, sucumbiram sob seu fardo. Se, em segredo, tentavam encontrar refúgio em Meus Braços, eram severamente punidos. Não lhes era permitido demonstrar seu zelo por Mim. Os seus perseguidores eram mais rápidos que serpentes e espiavam cada passo que davam; e, se suspeitassem que escondiam sob o colchão o Livro da Vida, Meus filhos eram vexados e perseguidos e, depois, capturados. Ah! Minha filha! Os Meus Olhos choraram sem cessar ao ver essa nação constrangida ao silêncio pela espada. Sacerdotes e profetas eram feitos prisioneiros e eram forçados a habitar na escuridão. Muitos deles foram massacrados, sem piedade alguma, diante dos Meus Próprios Olhos. (03.09.1991) {Esse texto é a prova inquestionável da liberdade que Deus dá ao Homem. Deus não pode intervir na obra humana, pela liberdade que Deus lhe deu. Deus correu o risco de dar a liberdade ao Homem. Claro, Deus é onipotente. Mas não vai tirar essa liberdade. O que Ele pode fazer é inspirar alguém pelo Espírito Santo para ganhá-Lo, mas não fará nada por Sua Própria Conta. Exceto a destruição total: isso Ele nunca irá permitir.}

No século XX calcula-se que morreram 45 milhões de cristãos; são mais mártires do que no resto da história do cristianismo. E esta matança continua hoje, neste século XXI, com o martírio e a destruição de suas igrejas de centenas de milhares de cristãos ortodoxos na Síria, Egito e África, com muito pouca informação da imprensa ocidental, e uma fraca reação das igrejas irmãs ocidentais. O despertar da Igreja Ortodoxa Russa Quero me limitar ler umas palavras de boas vindas do Metropolita Cirilo de Smolensk para a juventude ortodoxa na Rússia em 1º de junho de 1992.“Às vezes me pergunto como pudemos sobreviver durante estes anos de cativeiro babilônico, como encontramos força para ajudar a Igreja Ortodoxa a superar o genocídio desencadeado. Porque é nestes termos que devemos falar das perseguições dos anos 20 e 30. Como pôde a Igreja superar os ataques tão perigosos da época de Khrushchev? De onde tirou a força para sobreviver e manter-se nos parâmetros estreitos do regime de Brejnev? Só vejo uma resposta.

A igreja foi despojada de tudo: de edifícios, da possibilidade de dar uma educação religiosa, de entregar-se a obras caritativas, de publicar jornais e livros. Tudo o que restava à Igreja Ortodoxa era a Divina Eucaristia compartilhada por toda a comunidade cristã. O que os ateus chamavam de "culto", considerando que o culto é o que tem menos influência sobre as pessoas, enquanto a educação e os meios de comunicação são, na verdade, o que tem mais poder, {segundo eles.} Mas estavam enganados porque da Divina Liturgia a Igreja tirou toda a sua força e se manteve viva porque pôde, como assembleia de fiéis, reunir-se em torno da mesa do Senhor e celebrar a divina Liturgia Eucarística.”{Perceberam a importância da Liturgia?} Jesus diz a Vassula: A Rússia será o símbolo da Glória de Deus, da Misericórdia de Deus e de Seu Amor. Seus hinos e cânticos, que são tão doces a Nossos Ouvidos, com seus movimentos graciosos, se elevarão ao Céu como incenso. O Amor a ressuscitará como Ele a ressuscitou há mil anos. (01.02.88)

“Em que situação se encontra a Igreja hoje? Tem todas as possibilidades de agir livremente. Usufruímos legalmente de liberdade religiosa. Podemos abrir igrejas e mosteiros – e temos nos dedicado a isto, com êxito, há quatro anos. Abrimos cerca de 7.000 novas igrejas. Se considerarmos que até 1988 tinha apenas 7.000 igrejas, vemos que o número dobrou. O número de mosteiros também aumentou muito no mesmo período, passando de 16 para 149. Tínhamos dois seminários e duas academias de teologia. Agora temos oito seminários, três academias e vinte colégios de teologia que oferecem um programa de seminário acelerado, com o objetivo de treinar os membros do clero o mais rápido possível. Paróquias são criadas livremente: basta que os fiéis tenham a coragem de desejar isso. Se dez pessoas manifestam o desejo de abrir uma paróquia, o registro pode ser feito sem dificuldade alguma por parte das autoridades civis.”

Jesus diz a Vassula: Para honrar Minha Nobreza outra vez em ti, abri tuas Igrejas, uma em seguida a outra, chamei-te pelo teu nome naquele Dia: Rússia para alegrar-te e ficares feliz, e para celebrar a Festa da Minha Transfiguração. (13.12.1993) {Rússia: cai o sistema soviético na semana da Transfiguração. A Transfiguração é a única festa que todas as denominações cristãs celebram, no Dia da Transfiguração. E também se comemora o Dia da Desfiguração: é o da primeira bomba atômica, em Hiroshima. Um dia significativo também. Por um lado, a Transfiguração, por outro lado, a desfiguração.} “Mas junto com as alegrias temos muitas dificuldades, muitos problemas e muitas dores... Desde 1917, três gerações viveram sem qualquer formação religiosa. Não falo só de escolas, mas de serviços religiosos, porque nem todos tinham a coragem de ir abertamente à igreja... {Se alguém fosse descoberto como cristão, perdia todos os trabalhos importantes. Porque havia o registro disso. E também não podia estudar.} Este país não pode mais ser chamado de Santa Rússia, precisamente porque o conjunto da população do País durante estes 70 anos já não possui a Tradição Ortodoxa... As coisas mais elementares que o povo russo soube desde sempre, como persignar-se ou o que significam as festas do Natal ou da Páscoa, são desconhecidas pelo povo de hoje.

Portanto, a tarefa mais importante para a nossa Igreja, hoje, é uma nova missão, uma nova cristianização do povo, um renascimento da Tradição, da educação ortodoxa.” Jesus diz a Vassula: Te dou a Minha Paz. Eu sou a Ressurreição e a ressurreição vai acontecer em breve na Minha filha Rússia. Não sejais juízes de seus filhos e filhas para que Eu não Me veja obrigado a julgar-vos. Se houvesse alguém perfeito entre vós, ainda assim não valeria nada diante da Minha Perfeição. Em breve Me será dada a Glória na sua plenitude e a Rússia governará o resto dos Meus filhos em santidade. (20.10.92) Atração pelos extremos Ao longo de sua história, o povo russo expressou uma atração pelos extremos, como indica o historiador Pierre Kovalevsky, irmão do monsenhor Jean. Estamos diante da nação que mais glorificou a Deus e, ao mesmo tempo, a que mais O rejeitou (ateísmo).

No entanto, apesar destas vicissitudes históricas, Jesus manteve Sua preferência pela Igreja Russa, como expressou a Vassula. O que isso nos ensina? Jesus quer que tenhamos a capacidade de chegar até as últimas consequências em nossas ações. Desta forma nos prepara para que O amemos até o fim. O Senhor rejeita a tibieza. Ele diz no livro do Apocalipse (à Igreja de Laodicéia): Oxalá fosses frio ou quente, mas porque és morno, vou vomitar-te da minha boca (Ap 3, 15-16). Por isso, o Senhor adverte Vassula de que a Rússia pode correr o risco de ir para o outro extremo: Mas se ela perverter a liberdade que lhe dei e Me afastar de seus pensamentos, ainda que por um momento, vou permitir que um inimigo a invada... Se a Rússia não voltar para mim com todo seu coração e me reconhecer com um coração indiviso, como seu Salvador, vou enviar sobre ela um exército grande e poderoso, e a partir dela a todas as nações. Um exército como nunca antes se viu e nunca se verá outra vez até anos remotos, e o céu vai ficar negro e vai tremer, e as estrelas perderão seu brilho...

A Rússia é um povo profético: anuncia e sofre com antecedência o que vai acontecer ao mundo. Já viveu ao extremo o ateísmo e o antiteísmo que agora está inundando o mundo. {O ateísmo é não crer em Deus e o antiteísmo é destruir os que creem em Deus.}Enquanto o mundo está experimentando o progresso deste flagelo, ela já está fazendo a nova evangelização dos seus fiéis. O povo russo tem consciência de ser pecador – de onde provém o impulso para a santidade. {Não há impulso à santidade sem a autoconsciência do próprio pecado. Na Bíblia há dois momentos - um com o Profeta Isaías e o outro com o Apóstolo Pedro – que alguns teólogos ortodoxos citam como modelo de conversão. Pedro, quando recolhe a rede carregada de peixes depois que Jesus lhe diz para lançar a rede de novo, tendo passado uma noite inteira sem conseguir pescar nada, estupefato diz: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!" Não é a consciência apenas dos pecados, mas da distância entre o homem e Deus, estando o homem diante de Deus.}

O nome da "Santa Rússia" não é uma palavra vazia porque o ideal de santidade representa o valor mais alto para a Rússia, que está acima do bem-estar e da conquista. Santidade é dar a vida, não é o cultivo das virtudes. É um esvaziamento para receber o Espírito Santo. {Um exemplo, de Santa Teresinha do Menino Jesus. Uma noviça que admirava muito Santa Terezinha de Jesus lhe disse um dia: “quantas virtudes terei que adquirir para chegar à tua santidade?” E Terezinha lhe respondeu: "Adquirir? Não! Esvaziar-se!" Para que esvaziar-nos? Serafim de Sarov nos responde:} O verdadeiro propósito da nossa vida cristã é a aquisição do Espírito Santo de Deus. O jejum, a vigília, a oração, a esmola e todas as boas obras, feitas em nome de Cristo, são meios para receber o Espírito Santo de Deus. Apenas as boas obras realizadas para Cristo nos trazem os frutos do Espírito Santo.{Serafim de Sarov é o santo do Espírito Santo.}

A espiritualidade russa dá um lugar de destaque ao martírio em nome do Senhor ou de Sua Palavra. A Palavra do Senhor deve ser cumprida e Sua vida, tomada como exemplo. Os monges chamam seus santos: "muito semelhantes a Cristo”. Para eles, o martírio ou o sofrimento é o meio para cumprir o novo mandamento do Senhor: amai-vos uns aos outros como Eu vos amo. (Jo 13, 34) E como esse amor se manifesta? Dois capítulos adiante, o Senhor nos responde: Não há maior amor que dar a vida pelos irmãos (Jo 15,13) É o amor até o fim, o que ouvimos de João na Última Ceia (Jo 13, 1).  

O herói russo é o santo o staretz

O herói russo não é o guerreiro nem o conquistador, mas o santo. E o santo representa outro tipo de guerreiro: não é ser bonito, cultivar as virtudes, ser um homem que não discutia..., é aquele que faz guerra contra si mesmo, que é a guerra mais difícil e dolorosa- dizem os monges, os padres hesicastas. A guerra contra as paixões do mundo, enraizadas no eu, e a guerra atual contra o individualismo e o narcisismo. {“Eu tenho a minha própria religião.” A evangelização não é uma invasão. A religião é o exemplo que nos dá o Evangelho de João. Quando estão dois discípulos de São João Batista e passa Jesus e João Batista lhes diz: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira os pecados do mundo.” Então os dois discípulos – João e André – o seguem. Jesus lhes diz: “O que procurais?” E eles Lhe dizem: “Senhor, onde moras?” Ele responde: “Vem e vê.” É isto exatamente a Evangelização. Vem e vê. Por isso é muito importante, nesta guerra contra si mesmo, o guia espiritual, o staretz, homem com experiência nas doenças do corpo, da alma e do espírito, que são os obstáculos para a união definitiva com Deus. Nós vemos com os olhos físicos porque ficamos cegos dos olhos espirituais. Os olhos físicos podem ver tudo menos a si mesmos, não podemos nos ver.

Por isso é imprescindível o orientador espiritual, o staretz. Ele é encarregado de nos abrir os olhos espirituais. Eu me vejo através dos olhos interiores. São os olhos espirituais. Os staretz são muito mais profundos e sábios que os psicólogos de hoje. Há uma psicologia dos Padres do Deserto, dos hesicastas, do século IV, até o século XX, que é extraordinária, absolutamente desconhecida do Ocidente. Os padres do deserto sabem quais são as condições da alma, o que está acontecendo com a alma, como curar as paixões, se é uma doença transitória, se é uma doença psíquica, espiritual ou corporal... O orgulho é uma paixão espiritual. A paixão é uma absolutização de algo bom que, com o excesso, passa a ser mau. Como a água, que é essencial, mas uma inundação mata as pessoas. T

eófano, o Recluso, {um grande staretz russo do século XIX} diz: A finalidade do espírito [...] é manter o homem em contato com Deus e com as realidades divinas, independentemente de todos os fenômenos visíveis que o rodeiam [...] Esta visão espiritual existia no primeiro homem até o momento da Queda. Seu espírito via claramente Deus e todas as coisas divinas, tão claramente como vemos hoje um objeto colocado à nossa frente. Mas depois da Queda os olhos do espírito ficaram cegos, e o homem deixou de ver o que anteriormente via com toda naturalidade. O espírito permanece, no entanto, e tem olhos, mas eles estão fechados; é como um homem cujas pálpebras estiveram grudadas; o olho está intacto [...], mas as pálpebras fechadas não lhe permitem entrar em contato direto com ela. Tal é o estado de espírito do homem após a Queda. O homem tentou substituir a visão do espírito pela visão do intelecto, por construções mentais abstratas, por ideologias, mas foi em vão, como provam todas as teorias metafísicas dos filósofos.

A maioria do povo russo aceitou a mensagem do Evangelho desde sua origem e consagrou sua vida aos mandamentos de Cristo. Até aqui se vê, como coluna da Tradição espiritual da Rússia, um modo cristão de vida, e isso é muito importante como acontecimento fundador; a vida pessoal é impregnada pelo Evangelho. Cultivam um cristianismo íntegro, não fragmentado. E qual é a semente desta fidelidade ao Evangelho? O amor do povo russo pela liturgia, o primeiro amor, como vimos no início. Os russos dizem que a liturgia é uma bíblia sonora. Dou este exemplo com as palavras de São João de Kronstadt (1829-1908) sobre a liturgia: E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do mundo. (Mt 28,20). Tu estás conosco através dos tempos; e não estamos um único dia sem Ti. E não podemos viver sem a Tua Presença! Estás especialmente nos sacramentos do Teu Corpo e Sangue!

Em cada Liturgia tomas um Corpo semelhante ao nosso, exceto no pecado, e nos alimenta com Tua carne Vivificada. Através deste Sacramento estás plenamente conosco, e Tua carne se une a nossa carne, enquanto o Teu Espírito se une a nossa alma; e sentimos esta união dulcíssima, vivificadora, de profunda paz, e assim unidos a Ti nos tornamos um só espírito Contigo; tornamo-nos como és – bons, mansos e humildes, assim como disseste: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29). Como em Cristo Jesus habita toda a plenitude da Divindade, assim também essa plenitude habita no Sacramento Vivificador do seu Corpo e Sangue puríssimos. No pequeno corpo humano cabe toda a plenitude do infinito, a Deidade incompreensível; e no pequeno "Cordeiro" ou "Pão Eucarístico", na menor partícula, habita a plenitude Divina. Glória à Tua onipotência e bondade, Oh Senhor!" 

O cristianismo russo está purificado pelas terríveis provações a que foi submetido. É um povo sofrido e alegre ao mesmo tempo. Passou por tremendas provas que quase levaram à sua destruição, mas foi capaz de superar pela força espiritual de sua fé. Ele também sabe, através de seus santos, que as provas são a grande honra de participar do Cálice de Cristo, e isso lhes dá uma densidade espiritual, uma profundidade mística e humana, ao mesmo tempo em que desafia o conforto morno dos sentimentos depressivos.

Lerei para vocês um texto de Santo Inácio Brianchaninov: “Se estás disposto a suportar o desagradável sabor amargo dos medicamentos, a dolorosa amputação e cauterização de teus membros, os tormentos prolongados da fome, a longa reclusão no teu quarto, e suportas tudo isso a fim de restaurar a saúde perdida de teu corpo que, uma vez curado, voltará a cair doente, sem dúvida alguma, e com total certeza morrerá e se decomporá, suporta, portanto, a amargura do Cálice de Cristo, que garantirá a cura e a bem-aventurança eterna a tua alma imortal. Se o Cálice te parece insuportável, trazendo a morte, isso te desmascara: ainda que te chames de cristão, não pertences a Cristo. Para Seus verdadeiros discípulos, o Cálice de Cristo é um cálice de júbilo.”

  Igreja russa tem destino profético

O povo russo teve, pelo menos, três provas terríveis que o levaram quase até a destruição definitiva. Ele sofreu pilhagem política, econômica e espiritual. No entanto, soube se recuperar destas experiências terríveis de morte e destruição pela força espiritual dos seus santos. Através deles, sempre escolheram voltar às fontes de seu nascimento para fazer da experiência da Cruz a feliz e gloriosa passagem do despertar. E, nesse sentido, a Igreja Russa continua o seu destino profético anunciando a todos os cristãos o caminho da unidade no amor de Cristo: a peregrinação do retorno às nossas origens.

Jesus anuncia a Vassula em Sua mensagem de 8 de julho de 1990: “Tenho a intenção de vesti-los todos com Minhas vestes de antigamente, e reconstruir a Minha Igreja sobre suas antigas fundações (a Igreja primitiva). Adornarei Minha Esposa com suas primeiras joias, e com vossas bocas Me exultareis e Me louvareis sem cessar. (08.07.90).” As fontes do cristianismo primitivo não pertencem a nenhuma igreja em particular, mas àqueles que, no Espírito Santo, desejam ser ensinados e, assim, recordar as palavras do Senhor para cumpri-las devagar e silenciosamente até o fim. Lembram-se das palavras do Senhor?: Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu Nome, Ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que Eu disse. (Jo 14, 26)

Esta presença do Espírito Santo nos guiaria até o Pentecostes, o nascimento da Igreja de Cristo. E o que aconteceu naquele dia glorioso? O Espírito Santo se manifestou a toda a comunidade como um vento impetuoso, e pousou como línguas de fogo sobre cada um dos presentes. No vento impetuoso está a transmissão da força, da energia, do dinamismo necessário para realizar e transmitir a conversão. E no fogo que pousa sobre cada um se manifesta a vocação pessoal, o lugar único de cada um para a missão. Então, as diferenças deixam de ser objeto de controvérsias para se transformarem em uma sinfonia de encontros. A individualidade passa a ser uma distinção que enriquece, uma novidade bem-vinda oferecida à fecundidade do "nós".

Concluo com algumas palavras de São Serafim de Sarov: “ O próprio Espírito Santo vem habitar em nossas almas; e esta morada e a coexistência em nós do Todo-Poderoso, de sua Unidade Trinitária com nosso espírito, nos são dadas para nada mais do que a condição de trabalhar, por todos os meios ao nosso alcance, para a obtenção do Espírito Santo e isso prepara em nosso corpo e nossa alma uma habitação digna deste encontro, um trono para a convivência do Deus que tudo criou com nosso espírito. Como diz a palavra imutável de Deus: E habitarei e andarei no meio de vós; vós sereis o meu Povo, e Eu serei o vosso Deus. (Lv 26,12).”  

­­­­­­­­­­­­­­­­­­ 1. Presbítero ortodoxo, pertence à Paróquia San Martín de Tours desde 1978, em Buenos Aires, Argentina.    

2. Em duas igrejas de Buenos Aires: a primeira, do padre Matias Morea, Pároco de N. Sra do Perpétuo Socorro e a segunda, do padre Daniel Aguilera, católico romano, Pároco da Igreja do Menino Jesus de Belém, que participou do IX Retiro Latino-americano A Verdadeira Vida Em Deus, em Aparecida, SP, em novembro de 2016.    

3. Os trechos entre chaves são comentários do palestrante não incluídos no texto escrito de sua palestra original, transcritos e traduzidos do áudio da palestra. (N. da T.)    4. Doutrina do Esvaziamento de Jesus Cristo. Cristo, sendo Deus, ao vir ao mundo Se esvaziou de Seus atributos divinos - transcendência, onisciência, onipotência, onipresença, Sua total Glória e esplendor - para se tornar igual aos Homens, exceto no pecado. (N. da T. Fonte: Wikipédia, em 24.08.2017)  

5. N. da T.: Rus&39; de Kiev ou Rússia Kievana foi uma federação frouxa de tribos eslavas do Leste Europeu dos séculos IX ao XIII, sob o reino da dinastia de Rurik. Os povos modernos da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia reivindicam a Rus’ de Kiev como seu ancestral cultural. [Fonte: Wikipédia, em 04/08/2017.

Vide:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Principado_de_Kiev]  

6., N. da T.

 7.. Livro clássico da literatura católica ortodoxa – uma coletânea de textos de autores diversos sobre a Oração do Coração, publicada em Veneza, em 1782. (N. da T., fonte: Wikipédia)   Padre Enrique Bikkesbakker é presbítero ortodoxo e pertence à Paróquia San Martín de Tours desde 1978, em Buenos Aires, Argentina. Esta palestra foi proferida em Buenos Aires, Argentina nos dias 23 e 30 de jun 2017.  

Para saber mais sobre o tema:

http://www.avvdbrasil.org.br/index.php/comunicados/1664-comunicado-07-2017 

Para saber mais sobre a AVVD

Site oficial:

http://www.tlig.org/pg.html

 Site AVVD Brasil:

http://www.avvdbrasil.org.br