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2017-03-29


Cultivar e guardar a criação (III)


Ana Lúcia Vasconcelos


Cultivar e guardar a criação (III)

    Neste tempo favorável à conversão e à uma mudança de vida que é a Quaresma , os quarenta dias que nos preparam para a Páscoa do Senhor, para a ressurreição,  o tema e o lema da Campanha da Fraternidade nos convidam a refletir então sobre os biomas brasileiros. Mas começando sempre por nosso quintal, nossa casa, fazendo pequenas ações que podem no conjunto das coisas significar muito para  a reconquista da saúde do planeta tão maltratado. Como quer o Papa Francisco vamos cuidar da nossa casa que é o planeta.  Tendo uma visão de conjunto do Brasil deste ponto de vista, e especialmente sabendo que um dos nossos biomas- a Floresta Amazônica é um dos maiores reservatórios de seres vivos da Terra, sem contar os outros que são também de suma importância no equilíbrio planetário, enfim, olhando agora com olhos mais conscientes da urgência de ações marcantes pensemos em como mudar esta situação.

Compreender o impacto da civilização moderna sobre os Biomas. Começando do nosso entorno, a proposta é resgatar nossas origens e as origens do lugar em que habitamos: aqui em Campinas  e cidades da Arquidiocese, por exemplo, vivemos nos biomas Mata Atlântica e Cerrado  ao longos dos tempos- desde  quando a cidade se chamava Nossa Senhora da Conceição do Mato Grosso  e quando a Mata Atlântica cobria 97% do seu território.

As propostas da Campanha da Fraternidade  são bem audaciosas: buscar conhecer cada canto do nosso bairro e buscar na história e na tecnologia os caminhos para preservar e reinventar os lugares de acordo com nossas origens quer dizer , de acordo com os biomas que habitamos. e então criar por exemplo jardins verticais, praças arborizadas, replantar plantas nativas. Conhecer a realidade das famílias das nossas paróquias: histórica, econômica, social e religiosa e cultural, identificar os problemas enfrentados pelas pessoas e “curar as feridas pelo remédio do Evangelho”.

Mudar nosso estilo de vida incorporando ações que tenham impacto positivo no ambiente em que vivemos como: com uma alimentação saudável, moradias sustentáveis, transporte racional, cuidar das nascentes, dos córregos, dos rios, economizar agua, reciclar lixo,   recuperar matas ciliares, cultivar hortas, cuidar das praças , ruas e jardins. Contribuir para a construção de um novo padrão de pensamento econômico, ecológico que atenda as necessidades de todas as pessoas e famílias do lugar respeitando a natureza como nos propõe a Laudato Si do Papa Francisco .

E ainda: manter contato com outras igrejas que estejam igualmente interessadas na preservação das riquezas naturais e o bem estar das populações para  poder articular novas praticas efetivas na defesa dos ambientes essenciais à vida. E mais , e aqui é bem complicado: comprometer as autoridades publicas para assumir a responsabilidade sobre  o meio ambiente e a defesa da vida da população como o COMDEMA e SECRETARIA DO VERDE entre outros. Enfim   propor e levantar metas para uma conversão ecológica do lugar e sua relação com o tempo da Quaresma-tempo de penitencia, tempo de oração e jejum, tempo de mudança. E finalmente celebrar com Maria Santíssima a graça da conversão para olhar a natureza, nossa família, nossa comunidade com seus olhos nesses 300 anos da aparição da  imagem da padroeira do Brasil-Nossa Senhora Aparecida.  

 

Consciência critica na nossa relação com a natureza  

 

 A CF 2017 propõe ainda ações em  nível pessoal que seriam: desenvolver uma consciência critica na relação com a natureza e com as pessoas; conhecer os Biomas  como nossas origens e formas de resgatá-los; vivenciar a Campanha da Fraternidade a partir de uma reflexão da relação com a natureza (Laudato Si) e com as pessoas( Amoris Laetitia) assumindo os valores cristãos que elas propõem- ou seja os cristãos e outros crentes tem motivações importantes para cuidar da natureza e dos irmãos mais frágeis; conhecer e valorizar os biomas brasileiros com suas diferentes características buscando uma relação fraterna com a vida.

Em nível de comunidade , de sociedade  propõe estudar as encíclicas Laudato Si e Amoris Laetitia, propor intercambio com pessoas de outros  biomas brasileiros, promover informação sobre alimentação, sustentabilidade,  uso de agrotóxico e alimentos transgênicos, fazer parcerias com  a Pastoral da Saúde , da Criança, da Terra entre outras. Promover e divulgar feiras de produtos orgânicos e plantas medicinais, feiras de artesanato; difundir o trabalho das farmácias populares e plantas medicinais, incentivar o cultivo de jardins, hortas e quintais ecológicos.

Aprofundar o conhecimento  da cultura de famílias que vieram de outras regiões do país com palestras, exposições fotográficas, contato com violeiros, fiandeiras, raizeiros, artesãos;  articular a distribuição de sementes e mudas nativas; promover caminhadas ecológicas para descobrir a presença e bosques, nascentes, córregos, hortas, jardins, ver a possibilidade de plantar arvores nas calçadas com orientação de especialistas; realizar plantios de espécies de Mata Atlântica e do Cerrado; realizar projetos educativos de recuperação de córregos , rios e mata ciliar com a população local, desencadear na comunidade projetos de plantio de arvores nos bairros que a compõe em parceria com os orgãos públicos responsáveis; promover visitas a bosques de Campinas e região, cooperativas de reciclagem e hortas familiares; visitar escolas do bairro  com material das propostas da CF2017.

Em nível de sociedade as propostas são : divulgar e atuar na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC115/150 ) que  inclui o Cerrado e a Caatinga como Patrimônio Nacionais; fazer parceria com o CONDEMA, SECRETARIA DO VERDE, EMBRAPA entre outros para produzir materiais didáticos com o tema dos Biomas: Mata Atlântica e Cerrado e sobre as matas remanescentes de Campinas e região. E rever o Plano Diretor em discussão na Câmara de vereadores para que respeite as áreas de controle ambiental.